Ao participar da inauguração de uma fábrica 100% nacional de ônibus elétricos, em São Bernardo do Campo (SP), na tarde desta sexta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia não será assinado sem que haja ajuste na proposta.
"Os que os europeus querem no acordo? Que o Brasil abra as portas para compras governamentais. Ou seja, eles querem que o governo brasileiro compre as coisas estrangeiras ao invés das coisas brasileiras. E se eles não aceitarem a posição do Brasil, não tem acordo. Nós não podemos abdicar das compras governamentais que são a oportunidade das pequenas e médias empresas sobreviverem nesse país", disse Lula em discurso a empregados e dirigentes da Eletra.
Notícias relacionadas:Lula: recursos para educação e saúde são investimento, não gasto .Pacote para carro popular recebe aval de Lula, informa Haddad.A empresa inaugurou novas instalações na Rodovia Anchieta, na região do ABC Paulista, com área de 27 mil metros quadrados (m²) e capacidade para produzir 1,8 mil ônibus por ano, podendo chegar a 2,7 mil unidades a depender da demanda.
Cadeia produtiva
"O Brasil tem hoje uma cadeia produtiva completa de ônibus elétricos, com uma rede de assistência técnica e reposição de peças nacionais", assegurou a presidente da Eletra, Milena Braga Romano.
Para Lula, o estado brasileiro precisa atuar para reindustrializar o país. O presidente lembrou que a indústria, que chegou a responder por mais de um terço da renda nacional, hoje representa aproximadamente 11% do Produto Interno Bruno (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país).
"Cabe ao estado brasileiro garantir a sobrevivência da indústria brasileira para que a gente possa um dia ser competitivo com o mundo exterior. Então, se nós temos que comprar uma coisa, temos que valorizar aquele produto brasileiro que gera emprego e renda no Brasil, e melhore a qualidade de vida das pessoas", discursou Lula, defendendo a política de compras governamentais como forma de induzir o desenvolvimento da indústria nacional.
No caso dos ônibus elétricos, a própria legislação em diferentes estados e cidades já exige uma transição do transporte coletivo dos veículos movido a diesel para veículos elétricos ou com menor impacto ambiental.
PIB e exportações
Também presente ao evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, celebrou o resultado do PIB do primeiro trimestre, que cresceu 1,9%.
"O PIB brasileiro está no top 5, ou seja, entre os cinco maiores que cresceram no primeiro trimestre deste ano. Geralmente, o primeiro trimestre é fraco e, surpreendentemente, nós tivemos um crescimento de 1,9% e, comparado ao mesmo trimestre do ano passado, 4%", disse Alckmin.
O vice-presidente destacou ainda o resultado de maio das exportações brasileiras, que atingiram US$ 33 bilhões, a maior da série histórica medida pelo governo para o mês. O saldo da balança comercial (exportações menos importações) ficou em US$ 11,4 bilhões.
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