Centrais sindicais promoveram nesta terça-feira (20) um protesto em frente ao prédio do Banco Central (BC), na Avenida Paulista, na região central da capital, pedindo redução na taxa básica de juros. O grupo levou bandeiras e um carro de som, ocupando a calçada em frente ao edifício. Um cordão de policiais militares impediu a aproximação dos manifestantes da entrada do prédio.
Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, a atual taxa básica de juros, de 13,75% ao ano, reduz a oferta de empregos, ao tornar os incentivos no mercado financeiro mais interessantes do que na produção. “O trabalhador se prejudica em duas questões, na minha opinião: no emprego, porque com a taxa de juros alta não há investimento na produção, então, ele é desempregado. Com juros altos ele não pode comprar”, disse, comentando que o crédito mais caro também reduz o poder de compra da população.
Notícias relacionadas:Copom inicia quarta reunião do ano para definir juros básicos.Juros são principal entrave para acessar crédito, apontam indústrias.Lula diz que país voltará a crescer e critica juros altos.Para o sindicalista, é preciso haver um equilíbrio entre a manutenção da atividade econômica e o controle da inflação. “Muita rigidez na questão da inflação, você acaba também levando o país a uma recessão. Então é fundamental que os técnicos entendam que momento nós estamos passando”, acrescentou.
Ato das centrais sindicais contra juros altos em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista - Rovena Rosa/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária Banco Central começa nesta terça-feira (20), em Brasília, a quarta reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. A perspectiva, indicada na ata da última reunião, em maio, é que não haja cortes nos juros. Nesta quarta-feira (21), ao fim do dia, o comitê anunciará a decisão.
Inflação
Depois de subir no início do ano, as expectativas de inflação têm caído. Segundo o último boletim Focus, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, no ano de 2023 passou de 5,42% para 5,12%.
Em maio, puxado pela queda nos preços dos combustíveis e de artigos de residência, o IPCA caiu para 0,23%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o indicador acumulou alta de 2,95% no ano e de 3,94% nos últimos 12 meses, percentual mais baixo do que os 4,18% acumulados até o mês anterior.
Taxa básica de juros
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. A taxa é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
A expectativa do mercado financeiro, entretanto, é que a Selic encerre 2023 em 12,25% ao ano.
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