O Estado de São Paulo registrou a morte de 145 pessoas em decorrência da ação policial nos primeiros seis meses do ano, um crescimento de 15% em comparação com o mesmo período de 2022. O dado foi divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A alta faz o caminho contrário a uma tendência de queda na letalidade nos dois últimos anos, depois que São Paulo implementou o uso de câmeras nos uniformes de policiais. Em 2022, o Estado atingiu o menor patamar de mortes cometidas por PMs em serviço em duas décadas.
Vitor Hugo Fonseca, 19 anos, foi uma das vítimas dessa triste estatística de mortes, Ele era entregador e voltava do trabalho na garupa da moto de um amigo, em Carapicuíba, na grande São Paulo. No meio do caminho, eles receberam de policiais a ordem de parar por causa de uma corrente que impedia a leitura da placa do veículo. O piloto não parou, e o garupa foi atingido por um tiro nas costas.
"Vitor não era um bandido, o Vitor não estava assaltando, o Vitor não estava armado, não estava com droga. São muitos jovens que estão passando por isso, meu filho não é o único, não é o primeiro e não vai ser o último', diz Patrícia Miranda do Nascimento, mãe de Vitor Hugo.
O policial militar que disparou foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e responde em liberdade.
São Paulo tem cerca de 100 mil policiais. No começo do ano passado, o estado contava com pouco mais de 10 mil câmeras, o número -- hoje -- permanece o mesmo.
Para o Ministério Público de São Paulo, os equipamentos foram peça-chave na redução de mortes.
"O uso das câmeras nos uniformes é um fator de redução de abusos e de ocorrências relacionadas com morte por intervenção policial. De fato, há uma necessidade uma de ampliação do projeto de câmeras corporais, a secretaria teve um problema relacionado com a internet no interior de São Paulo e isso fez com que houvesse dificuldade nessa ampliação, estamos acompanhando isso de perto".
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que o crescimento de mortes por intervenção policial está diretamente relacionado ao aumento do número de prisões nos primeiros seis meses do ano. Afirmou ainda que mesmo quando o suspeito parece colaborar, ele pode se mostrar violento de uma hora para outra e atentar contra a vida dos PMs.
Nesta semana, o perfil oficial da Polícia Militar de São Paulo publicou uma mensagem do comandante-geral da instituição, "Não hesite em cumprir a lei. Não hesite em utilizar a legítima defesa a seu favor. Faça isso. Sinta-se seguro para trabalhar, a instituição está à sua disposição".
As declarações ocorreram no mesmo dia em que um tenente aposentado da PM foi assassinado, em Itapecerica da Serra, na grande São Paulo. Antes de ser morto, o militar foi sequestrado, roubado e torturado.
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