Caminho de Santiago – Ítero de la Vega a Carrión de los Condes – 25° dia
Saímos de Ítero de la Vega às 07:40hs com ânimo de esticar nossa caminhada hoje para alcançar Carrión de los Condes. A manhã estava mais fria do que o normal, 7° C. Um vento frio nos empurrava para frente.
Passamos pelo vilarejo de Boadilla del Camino, que tem uma população de apenas 160 almas, que começam a sentir os efeitos positivos do crescimento dos negócios ligados à prestação de serviços aos peregrinos.
Seguimos com muito ânimo para Frómista numa bonita trilha que vai margeando o Canal de Castilla, de 1,7 km de extensão, e que abastece as propriedades rurais da região. No século XVIII este canal era utilizado para transporte da produção agrícola local.
Paramos em Frómista para descansar e tomar um suco de laranja natural e um cafezinho.
Estávamos bastante animados com o movimento de peregrinos e seguimos adiante até Carrión de los Condes. Esta parte do Caminho não tem nenhuma beleza cênica, pois vai todo o tempo ao lado da estrada asfaltada que liga estas duas cidades.
Em Carrión de los Condes paramos numa loja de artigos para peregrinos, pois a Cris estava precisando de uma blusa de mangas compridas e um chapéu para se proteger do sol. Dali seguimos direto para o Hostal Peregrino, que, graças a São Tiago, tinha vaga.
Nos acomodamos e fomos almoçar num restaurante próximo.
Carrión de los Condes mantém ainda uma atmosfera medieval com suas ruas estreitas. No passado, chegou a ter 14 hospitais para atender peregrinos, quando era dominada pela família Léonese Beni-Gomez, os Condes de Carrión, muitos deles mortos prematuramente por El Cid, depois que eles trataram mal as filhas do herói de Burgos. Os maus tratos às mulheres estão registrados nos frisos da Igreja de Santa María del Camino, do Século XII, que retrata o “tributo” de 100 mulheres exigido anualmente pelos conquistadores Mouros.
A cidade mantém ainda outras referências à violência, como a Praça do Generalíssimo Franco, ditador facista cujo nome tenta-se esconder na Espanha de hoje; e a imagem de Santiago “Matamoros” da Igreja de Santiago, do Século XII.
À noite fomos jantar na Plaza Mayor, local muito frequentado pelos peregrinos que pernoitam na cidade e encontramos o casal de australianos que havíamos conhecido em El Molino. Já temos aonde ficar na nossa futura viagem à Austrália, com direito a visita a uma região aborígena. Depois de alguns canecos de cerveja, fomos dormir em paz.
Ultreia e Suseia !
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