Quem discrimina os mais velhos esquece que também envelhecerá
Vivemos um momento muito especial de empoderamento das mulheres acima de 50 anos. Nunca se viu um engajamento tão grande para valorização da plenitude, amor-próprio e sensação de liberdade que a maturidade traz. O surgimento da pílula anticoncepcional, os movimentos de libertação feminina e a legalização do divórcio foram alguns dos acontecimentos que propiciaram discussões mais profundas sobre o lugar da mulher na sociedade.
Mulheres que cresceram neste cenário sentem-se mais felizes com suas vidas. São plenas, bem resolvidas, ativas sexualmente e donas de seus destinos e sonhos. Não desejam que padrões sejam impostos e fazem de tudo para viver do jeito que decidirem. É preciso dar um fim às ditaduras de beleza, deixando que elas próprias decidam como se sentem felizes.
Infelizmente, a sociedade ainda é contaminada pelo machismo estrutural e pela discriminação das mulheres de idade. Estes preconceitos as colocam à margem e invisíveis. Precisamos acabar com a falsa relação que se costuma fazer entre envelhecimento e incapacidade. Quem discrimina os mais velhos, se esquece que também será mais velho um dia, se tiver sorte.
Já vemos alguma preocupação dos meios de comunicação em dar atenção a esta parcela, cada vez maior, da população. A representatividade em séries, novelas, filmes, programas televisivos e propagandas é fundamental para que esta situação seja revertida. Disseminar informação sobre amadurecimento e saúde, ensinar como encarar a menopausa sem estresse e mostrar as vitórias sociais, realizações e superações também é essencial. Tudo feito com cuidado para que estigmas não sejam perpetuados.
Contudo, ainda são poucas marcas que desejam associar seu produto à maturidade. Raras são as que colocam a mulher como protagonistas das suas vidas. Esquecem-se de que mulheres com mais de 50 têm um poder aquisitivo alto nesta faixa etária e são grandes consumidoras. Quem não se atentar para este mercado em expansão vai ficar para trás!
Mulheres maduras são incríveis, podem tudo, têm direito ao que desejarem. Esta é a hora de realizarem os sonhos engavetados e principalmente serem felizes. Aos 62 anos, me reinvento diariamente e clamo a todas, para que lutemos por ver nossos rostos, nossos corpos, nossas palavras, nossa importância social estampada diante dos olhos de todos, como referência de sucesso que nos é de direito. Vamos juntas!
Thelma Miguel é médica, escritora e poetisa carioca e acaba de lançar a coletânea de poemas O Silêncio e o Grito
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