Comunicação pode ajudar a calar o machismo sofrido diariamente por mulheres; Entenda!

No Mês da Mulher, Maytê Carvalho, comunicóloga, escritora e empresária, é quem explica o que é o machismo e como usar a comunicação como estratégia para se defender e acabar com as falas desse preconceito no cotidiano

Comunicação pode ajudar a calar o machismo sofrido diariamente por mulheres; Entenda! -


Maytê Carvalho é uma profissional de múltiplas especializações, conquistando diferentes públicos e mercados. A jovem, que iniciou sua carreira aos 18 anos, ficou conhecida por ganhar o reality “O Aprendiz Especial Universitário” e por participar do programa “Shark Tank Brasil”. Créditos: Divulgação.

Muito além de flores e chocolates, o Dia Internacional da Mulher, data comemorada anualmente em 08 de março, representa e homenageia uma jornada histórica de luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens. Isso porque a data nasceu diante de uma sucessão de manifestações, reivindicações e greves femininas, ao longo de décadas e que duram até os dias atuais, fazendo com que o Dia da Mulher é visto e considerado como um grito contra a violência, feminicídio e machismo que o sexo feminino sofre, diariamente, em diferentes âmbitos e relações, seja pessoal, profissional ou política.

“O machismo, segundo a comunicação, é um problema cognitivo, ligado ao conhecimento e a percepção. Hoje, entendemos que violência física não é a única forma de machismo que encontramos. A fala revela dinâmicas invisíveis de poder e influência que, antigamente, já passaram despercebidas”, explica Maytê Carvalho, comunicóloga, empresária, escritora, publicitária, palestrante, professora de comunicação na ESPM e mulher que, assim como muitas, já enfrentou o preconceito na pele, ao trabalhar em um ambiente que já foi considerado como, majoritariamente, masculino. “A fala machista pode ser passivo-agressiva, quando a agressividade do discurso está disfarçada como insinuações, por exemplo, ou pautada em falácias, como o falso dilema de que mulheres precisam escolher entre carreira ou filhos”, pontua.

Segundo a especialista, outras falácias - afirmações feitas sem estarem pautadas na prova lógica e sem razão - do machismo estão na generalização apressada, que reproduz estereótipos como, por exemplo, o de que toda mulher dirige mal, toda loira é burra ou que mulher tem uma posição ou lugar definido para estar e se situar. Para identificá-las, a dica da Maytê é parar e refletir se a afirmação feita é reducionista ou atribui qualquer característica a um único gênero. Caso a resposta seja positiva, é machismo e é preciso estar atento, já que, apesar de ser uma qualidade negativa da sociedade, nenhuma pessoa deixa de estar sujeita a reproduzir falas machistas, mesmo que inconscientemente.

“A linguagem nos acompanha desde a infância e a nossa cognição, muitas vezes, tem essas afirmações enraizadas. Isso porque a fala tem uma anterioridade, ou seja, vem de um passado que faz com que as pessoas apenas reproduzam as dinâmicas que conhecem. É preciso desconstruir, conhecer e crescer no pensamento para poder expressar na linguagem. O feminismo está aí para ajudar as pessoas, fazendo com que se perguntem sobre os jogos de poder envolvidos em sua própria vida e sobre a saúde das relações interpessoais e profissionais”, diz Carvalho, que também acredita que a internet e redes sociais podem ser grandes ferramentas de ajuda, pela abundância de informação, para construção de um repertório que não reproduza falas machistas.

Como estratégia de defesa para o momento em que as mulheres identificarem esse tipo de discurso e fala vindo, propositalmente ou inconsciente, de qualquer pessoa e dinâmica, Maytê aponta uma técnica de linguagem específica: a do isopraxismo, também conhecida como técnica do espelhamento. Ela consiste em repetir para o interlocutor, em tom de pergunta, a falácia pronunciada. Segundo a comunicóloga, ao fazer isso, pelo menos duas ou três vezes, a pessoa acaba percebendo o absurdo da sua colocação ao tentar se explicar.

“Essa é a forma de remediar o que é preciso prevenir e se dissolver. Muito do que chamamos de ‘gender gap’- diferença entre a forma como homens e mulheres são tratados na sociedade - e  síndrome da impostora - quando pessoas capacitadas sofrem de uma inferioridade ilusória, que tem origem nessa perpetuação das falas machistas e que afetam, diretamente, a saúde mental, e até física, das mulheres. Precisamos falar sobre o tema e propor o diálogo sempre, não somente no mês da mulher. Protagonismo, voz ativa e ocupação de espaços de poder se dão com uma agenda feminista interseccional - que debate vários assuntos e pontos de vistas - e dialógica - que propõe um acordo de forma reflexiva”, finaliza Maytê.

Sobre Maytê Carvalho

Comunicóloga, empresária, escritora, publicitária, palestrante, professora de comunicação na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)  e digital influencer, Maytê é uma profissional de múltiplas especializações, conquistando diferentes públicos e mercados. A jovem, que iniciou sua carreira aos 18 anos, ficou conhecida por ganhar o reality “O Aprendiz Especial Universitário” e por participar do programa “Shark Tank Brasil”, conquistando investimento em sua startup de beleza que, na época, foi número #1 no app store. Atualmente, Maytê atua, em Los Angeles/CA, como diretora de estratégia de negócios em uma das maiores agências de publicidade dos Estados Unidos. É autora do livro “Persuasão”, um guia prático que busca ajudar seus leitores a como usar a retórica e comunicação persuasiva em suas vidas profissionais e pessoais. A obra best-seller já vendeu milhares de cópias e está em oitavo lugar na lista de livros de negócios mais vendidos no Brasil feita pela PublishNews. Em seu Instagram (@maytecarvalhos), a influenciadora reúne mais de 36 mil seguidores, que buscam conhecimento e acompanham a sua rotina vivendo em uma cidade americana.



Ricardo Quarenghi: Apresentador e Editor-chefe Programa e Coluna Líder S/A no SBT, é um empreendedor desde os 22 anos. Fundador e Diretor da Consultoria Marston Human Resources e Cofundador da plataforma Niara: Conexões Humanas, possui diversos clientes na lista das maiores e melhores empresas do Brasil. É também Embaixador da Agência Espacial Nasa no Brasil.

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