Lições do Vale do Silício: a trajetória nada conveniente de quem DESOBEDECEU e desapegou-se de algumas verdades.

Em parceria com o Instituto Connect

Lições do Vale do Silício: a trajetória nada conveniente de quem DESOBEDECEU e desapegou-se de algumas verdades. -


Imagem: reprodução/internet


Estudar, adquirir conhecimento, construir uma carreira sólida e atingir a estabilidade. Se até pouco tempo atrás o caminho para o sucesso era visto de forma linear, atualmente este modelo é colocado à prova. Resumindo: se sua vida anda muito conveniente, talvez você não esteja atingindo grandes feitos e pode ser a hora de mudar. A quebra deste paradigma é um dos pontos defendidos por Mauricio Benvenutti, Socio da StartSe, que acaba de lançar seu novo livro, “Desobedeça: sua carreira pede mais”. Ele, que atualmente mora no Vale do Silício, compartilhou sua trajetória nada conveniente com os membros da confraria do Instituto Connect. 

Lições do Vale do Silício: a trajetória nada conveniente de quem DESOBEDECEU e desapegou-se de algumas verdades. -


Mauricio Benvenutti, Socio da StartSe. Foto: Arquivo pessoal.


E sobre sair da zona de conveniência o gaúcho de Vacaria entende, já que foram muitas as vezes em que, ao invés de seguir em mar calmo, decidiu virar o leme e partir rumo a águas desconhecidas. A começar por muito jovem, quando desistiu do sonho de ser médico para se formar em Ciências da Computação na PUCRS. Aos 26 anos estava no que parecia ser o auge de sua carreira e quando se comparava com os amigos sua vida era incrível. Mas também, muito conveniente. 

“Nesta época conheci os fundadores da XP [Investimentos], o Guilherme [Benchimol] e o Marcelo [Maisonnave], e comecei a frequentar o escritório. De repente surgiu uma oportunidade, eles estavam querendo expandir para o Brasil, e eu decidi largar tudo para começar a empreender na XP. A maioria das pessoas foi contra esta transição, meus pais inclusive, mas minha trajetória precisava mudar”, revela. Na XP, Benvenutti rodou o país e ajudou a empresa a se tornar um dos maiores grupos financeiros do Brasil, responsável por mudar a cultura de investimentos no país.

Após 8 anos e meio de XP, a tal conveniência começou a incomodar novamente, e ele decidiu deixar o grupo. “Enquanto profissionais temos que saber o que fazemos bem, e eu sentia que eu fazia muita diferença em ambientes que estão naquela bagunça inicial. Então decidi deixar a XP. A primeira pessoa que me apoiou foi minha esposa. Ela estava na Slush (congresso tecnológico), na Finlândia, e eu fiz a ligação pra ela da frente do escritório, no Rio de Janeiro. Fui então conversar com o Guilherme, ele tentou me convencer, mas no fim da nossa conversa foi a segunda pessoa a me apoiar”, relembra.

Uma nova perspectiva – Construção de novas verdades

Após a sua saída, Benvenutti rumou ao Vale do Silício, na Califórnia (EUA), buscando uma nova perspectiva. “Quando cheguei lá, no início de 2015, considerando meus estudos e tendo participado de boas empresas, achei que fosse ensinar. Mas tomava um tapa na cara todo dia, e as pessoas me mostraram que existem outras formas de gestão de empresas. Na medida em que comecei a conhecer estas empresas, seus DNAs, ficou claro pra mim que eu teria que me desfazer de algumas verdades.”

E foi neste contexto disruptivo que nasceu então a StartSe, uma escola de negócios nada tradicional, que há quatro anos ajuda profissionais e empresas a se manterem competitivos e relevantes na Nova Economia. Com mais de 77 mil alunos atendidos - seja em programas de Higher Education no Brasil, imersão internacional ou realizados in company - a empresa é case de sucesso não apenas pelos números que ostenta, mas por seu DNA disruptivo. 

As lições do Vale

Benvenutti, que ainda mora no Vale do Silício, se inspirou num modelo de gestão de negócios que fez da região uma das mais prósperas de toda a história da humanidade. Segundo ele, são três grandes características que explicam o sucesso do modelo. A primeira delas é estar sempre forçando os limites. “Netflix, Google, Uber, e todas as grandes empresas do Vale têm em comum a sua natureza, de nascer com um pé naquilo que se pode e o outro onde ninguém diz que não pode. Grandes oportunidades não nascem no senso comum, mas cada vez mais nos limites, transbordando o senso comum. E para ser capaz de transitar nas fronteiras nunca foi tão necessário questionar mais, desobedecer a nomalidade”, explica.

O segundo ponto é a aposta na diversidade. “Metade das pessoas que moram no Vale nasceram fora dos Estados Unidos. São pessoas diferentes, que têm valores e culturas diferentes. É uma diversidade ímpar, que o Vale abraça e usa a seu favor”, explica. Isso resulta em um ambiente propício ao surgimento de produtos, serviços e soluções que não apenas atendem às diferenças, mas que também as celebram e em que a valorização e o respeito à diversidade são muito fortes. 

Finalmente, a simplicidade é o terceiro ponto. “Isso choca porque o Vale é uma das regiões mais ricas do planeta. Um estudo de 2015 da Forbes mostrava que dos 800 mil habitantes desta pequena região da Califórnia, 120 mil eram considerados milionários. E mesmo assim isso não se vê nos carros, nas casas das pessoas”. A simplicidade, aliás, repete-se também nas relações profissionais e na forma de conduzir o trabalho, de forma mais objetiva e direta.

Além destas características, Benvenutti lista três fatores que para ele constituem o tripé sobre o qual se desenvolve este grande ecossistema de inovação: a rebeldia, o conhecimento e o capital. A rebeldia, segundo ele, é o estopim de tudo, é o questionamento. O conhecimento é a base que permite que se construam novos modelos. E o capital é o investimento que permite que os negócios ganhem corpo de forma rápida e consistente. “Hoje estima-se que ¼ do venture capital do mundo esteja no Vale”, afirma. 

People connect to People

Mais que a mudança tecnológica, a nova economia alavancada pelos modelos do Vale do Silício traz também mudanças nas relações profissionais. A principal, segundo Benvenutti, é a que coloca as pessoas acima das empresas. “Nunca foi tão oportuno para as pessoas trabalharem suas carreiras”, afirma. Para ele, assim como as pessoas jurídicas aprenderam a investir em branding, os profissionais agora começam a entender esta necessidade. E consequentemente o mercado começa a valorizar esta mudança, entendendo que esta conexão entre pessoas é muito mais profunda que qualquer outra. “People connect to people. Sempre digo que não me arrependo das mudanças que fiz em minha carreira. Mas se pudesse mudar algo, eu apenas acrescentaria a oportunidade de ter investido mais no Mauricio Benvenutti. Quando estava na XP eu era o Mauricio da XP, meu valor estava atrelado à empresa. Em 2015 quando sai percebi que meu telefone não tocava mais como antes, que já não recebia os convites para almoçar na mesma intensidade, quase tive uma crise existencial. E isso me fez pensar: será que não existe uma forma de construir carreiras em que eu seja capaz de agregar valor à minha pessoa?” 

Lições do Vale do Silício: a trajetória nada conveniente de quem DESOBEDECEU e desapegou-se de algumas verdades. -


Silvana Pampu, Founder e idealizadora da Confraria de Executivos. Foto: Arquivo pessoal.


E desta forma, nasceu seu último livro, o Desobedeça: a sua carreira pede mais. “O Desobedeça fala disso, desta jornada baseada no que vivi no Vale do Silício e de como o Mauricio da XP passou a ser o Mauricio Benvenutti.” O livro, lançado em junho deste ano, traz estes e outros ensinamentos. O Instituto Connect é um apoiador do livro Desobedeça, inclusive por ser uma crença da Silvana Pampu, Founder e idealizadora da Confraria de Executivos, reforçando a importância de conectar pessoas, quebrar silos e construção do seu branding individual e não ficar refém do sobrenome corporativo. Esse bate papo riquíssimo pode ser acessado no site do Instituto que preza muito pelo Life Long Learning e democratizar conhecimentos.

Sobre a Confraria

A Confraria do Desenvolvimento, promovida pelo Instituto Connect é um espaço para conexão de executivos de vários segmentos, estados e países, onde é possível evoluir cocriando trilhas de aprendizagens e caminhando em uma jornada de networking, experiências e responsabilidade social. 

 

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