O líder do novo mundo deve ser 4.0

Por Marcelo Simonato (*)

O líder do novo mundo deve ser 4.0 -


Imagem: reprodução/internet


Não precisamos ser especialistas para compreender os novos tempos, os avanços tecnológicos e as diferenças entres as gerações, certo? Está evidente o quanto estamos enfrentando mudanças disruptivas, e o quanto ainda vamos experimentá-las, especialmente em função do mundo pós-Covid-19. Neste contexto gostaria de refletir com você sobre a Indústria 4.0 ou Quarta Revolução, marcada especialmente pela Era Digital.

A indústria 4.0 consiste na evolução tecnológica do mercado apoiada na: Inteligência Artificial, Codificação e Aprendizado de Máquinas, armazenamento de dados na “nuvem” (cloud), alta capacidade de processamento, novas fontes de energia, convergência tecnológica, Internet das coisas (loT) e sistemas cyber-físicos. Neste contexto necessitamos também que a liderança esteja atualizada (updated) e saiba extrair o melhor de todos estes avanços técnicos, sem perder a mão no que diz respeito ao lado humano.  A indústria 4.0 traz grande revolução na maneira de trabalhar e exige que empresas e líderes se submetam às transformações rápidas dos processos, se adaptem e se ajustem às novas realidades.

Sabemos que com a pandemia, diversas organizações e empresas de todos os tamanhos foram obrigadas a realizarem uma transição rápida e repentina em todos as esferas (crenças, padrões, hábitos, localização, ocupação e espaço) deixando o modelo de trabalho tradicional para trás e adotando um modelo mais inovador. Mas quando falamos em índices e estatísticas no universo da liderança, o que mudou?

Tudo mudou!

Depois de tantas transições, agora que a maioria dos profissionais já estão se ajustando à nova rotina de atuar de casa, ganhar dinheiro do próprio lar, e se desenvolver à distância, dezenas de dúvidas começaram a aparecer: “este novo modelo de trabalho será para valer? Por ventura é só uma adaptação temporária e em breve voltaremos para a rotina dos escritórios? Atuar remotamente realmente será o novo padrão, mesmo depois de toda a população ter sido vacinada?”.

Organizações como a XP Investimentos e o Facebook, por exemplo, já garantiram que manterão o formato home-office mesmo depois da pandemia. Outras organizações renomadas, também já anunciaram que não pretendem voltar ao trabalho 100% presencial, uma vez que o trabalho remoto mostrou-se promissor e economicamente interessante.  A vista disso, os líderes precisam se flexibilizar para oferecer suporte, acompanhamento, motivação, informação, conhecimento e valor para as suas equipes, promovendo ao time incentivo, engajamento, produtividade e entrega de resultados, mesmo que de forma remota.

Como líderes de um processo ainda em transição, precisamos pegar o que temos disponível neste momento e unir com as nossas experiências, fazendo o melhor uso das ferramentas que temos hoje.  Liderar no formato 4.0 é a nossa nova realidade.

Pensando nisso, para liderar à distância, precisamos de 3 pilares básicos:

1. Incentivar – Tudo está meio estranho, desajustado e até mesmo assustador para muitas pessoas. Parece que perdemos o jeito de fazer coisas simples, coisas que antes realizávamos de “olhos fechados”.

Com os nossos liderados não é diferente. Da noite para o dia, eles tiveram que encontrar um local silencioso em suas casas, adaptar um escritório (um ambiente que muitas vezes não tem estrutura física e nem emocional), deixar que as câmeras vejam as suas paredes, o clima de seus lares, ou invadam o que antes era uma espécie de refúgio/esconderijo social, para trabalharem com barulho, com outras pessoas que às vezes, não entendem que a casa virou corporação, com crianças,ruídos, campainha tocando, e acima de tudo, trazendo os mesmos resultados da época do escritório. Considerando todas essas mudanças, o papel do líder é incentivar o seu liderado, oferecendo a ele suporte, direcionamento, empatia, apoio, informação, colaboração e principalmente incentivo, para que ele continue sendo produtivo e motivado.

Augusto Cury disse: sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e execute os seus sonhos. E adivinha de quem é a responsabilidade de incentivar o alcance dos sonhos? Sua líder! Portanto, lembre a sua equipe quem ela é. a sua liderança, não faça dos membros de seu time apenas um número. Conheça o perfil de cada um, seja empático, se mostre um “líder mentor”, que direciona, aconselha e que ouve, mesmo à distância. Crie reuniões rápidas para sentir a energia ou saber como o colaborador está do outro lado da tela. Se relacione com ele. Incentive-o, mostre consideração pelos seus liderados e cuide deles. O líder pode e deve mostrar interesse pelo colaborador criando relacionamento personalizado com ele.

2. Dar Feedbacks realistas – O novo normal traz mudanças para ambos os lados (organização e liderado) que precisam se adaptar aos novos processos de feedback, já que estes são motivados pelas observações, dados e comunicação a partir do contato presencial entre os indivíduos para avaliar a performance do time e dos funcionários individualmente. Acontece que, repentinamente, o presencial foi substituído pelo virtual, pelas telas dos computadores. Agora sem emoção, sem contato físico e sem uma análise “do corpo que fala”, vamos tentando encontrar a melhor forma de nos relacionar com os liderados, criar uma rotina efetiva e conseguir que eles continuem atingindo as metas.

Somos líderes em constante movimento. Somos resilientes, flexíveis e criativos, por isso, devemos aprender a lidar com o novo jeito de fazer as coisas de antes. Para você que é líder remoto de “primeira viagem”, uma boa sugestão está em aplicar o feedback por meio de dinâmicas que favorecem o processo de comunicação à distância (criar rotinas de motivação e engajamento por meio do telefone, vídeos-chamadas ou e-mails ou quaisquer outras ferramentas capazes de aproximar os líderes dos colaboradores e as estruturas organizacionais).

O comprometimento é esperado de todos os lados: colaboradores precisam assumir as suas responsabilidades (gerenciar o próprio tempo, se comprometer com os prazos, entregas, metas e resultados). Já a liderança, precisa saber orientar os seus liderados, mantendo os canais de comunicação abertos, sendo empáticos, disponíveis e mentores de seus liderados. Todos nós estamos nos adaptando às mudanças, e os líderes, assim como os liderados, precisam aprender mais sobre a inteligência emocional, a maturidade, a responsabilidade e o gerenciamento mental (o desejo de dormir até mais tarde só porque trabalha em casa não pode vencer a disciplina).

Seja no mundo presencial ou remoto, a reciprocidade continua sendo a premissa para a boa relação, para os resultados e principalmente para o atingimento das metas.

Por isso, líder:

Crie uma frequência para o feedback. Ele deve ser uma realidade que corrige, direciona, guia, reconhece, valoriza e também que coloca a mão na massa;

Seja objetivo em suas expectativas quanto aos resultados da equipe;

Esteja acessível e não se coloque na posição de intocável, superior ou sabe tudo;

Realize reuniões periódicas. Não importa se existem reclamões de plantão contra as reuniões. Reuniões tomam o nosso tempo sim, mas são necessárias para a manutenção das relações entre líder e equipe, para o engajamento;

Não tenha medo de ser mais direto, diga não quando for necessário, mas seja empático.

3. Mantenha o time focado nos resultados – Na jornada, por vezes, mostramos cansaço, exaustão ou desânimo, e quando isso acontece, geralmente temos a tendência de querer desistir, parar ou interromper o processo, tendo o rendimento diminuído, a performance abalada e os resultados fracassados. Como líderes, devemos ensinar aos nossos colaboradores a dar uma pausa, mas sem desistir. Na transição para o novo normal, muitos são os obstáculos a superar: a rotina do lar com a do trabalho, a adaptação, às condições e os equipamentos necessários, a desmotivação, já que para muitos profissionais, trabalhar fora era uma maneira de fugir de seus problemas pessoais, mas agora dentro de casa, precisam lidar com as situações negativas que antes fugiam, e ainda assim, manter-se focado. Como fazer isso? A resposta é simples: validando a sua equipe.

É fundamental que o líder combine com a equipe o horário de trabalho, o melhor meio de comunicação, os prazos e entregas a serem feitas para estabelecer o foco e recompensá-los pelo bom desempenho. Vale lembrá-los que estão separados fisicamente, mas não socialmente. Por isso, que tal realizar cafés da manhã à distância, comemorar os aniversários de forma virtual e ter momentos para o bate-papo informal, ainda que remotamente com a finalidade de compartilhar experiências? Utilize a tecnologia para propor integração.

Como líder, busque também se divertir e divertir a equipe, pode parecer que isso não tem nada a ver com foco, mas tem tudo a ver com manter o time engajado, motivado e focado!

Para finalizar, o líder 4.0 deve ter 7 condutas:


Refletir em quais atitudes pode tomar para ajudar a equipe ter mais concentração, foco e produtividade durante o trabalho remoto;
Pensar sobre qual é a sua missão com a equipe?
Criar uma rotina de horários (pausas, prioridades, urgências e demandas rotineiras);
Incentivar a prática da meditação de 1 minuto por meio da respiração, a cada 1h de trabalho (os benefícios da meditação de respiração aliviam o estresse, a ansiedade e o esgotamento físico);
Tomar cuidado com os excessos. Seja de notícias, informações, lives, mensagens, e-mails, reuniões e outras ações, que no final do dia dão a sensação de várias atividades concluídas, mas não de produtividade;
Manter a energia e a conexão das atividades com a equipe mostrando interesse;
Criar momentos para se conectarem, distrair e se divertir.


 

(*) Marcelo Simonato - Possui mais de 25 anos de experiência profissional atuando em grandes empresas nacionais e multinacionais em cargos de liderança. É Executivo, Escritor e Palestrante, sendo Especialista em Liderança e Gestão de Pessoas. Atua com treinamentos e palestras em todo território nacional. Autor das obras “Pilares do sucesso profissional” e “O líder de A a Z”. Coordenador editorial dos livros “Segredos de alto impacto”, “O poder do óbvio” e “Liderando juntos”.


 

 

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