Senso de dono

A competência necessária para Empreendedores e Colaboradores

O universo corporativo, cada vez mais, busca avaliar não somente as competências técnicas de um colaborador, mas também as comportamentais e com grande ênfase. Até poucos anos, os descritivos das vagas eram bastante rígidos e pré-determinados em se tratando dos requisitos para uma determinada posição de trabalho. Formação acadêmica, tempo de experiência profissional, estabilidade – no sentido de tempo nos empregos anteriores: Eureka! Eis o funcionário ideal.

Ocorre que a dinâmica das relações entre as empresas e seus clientes se modificou sobremaneira, exigindo novas competências comportamentais de suas equipes.  Estabilidade, por exemplo, passou a ser medida observando se o profissional conseguiu cumprir um ciclo com alta performance e não mais se ela ficou por dez ou quinze anos na mesma companhia. Aliás, em alguns casos, isto passou a ser visto como estagnação.

As relações hierárquicas também mudaram e estão cada vez mais horizontais, ou seja, cargo não é mais sinônimo de liderança. Liderança é comportamento, portanto não se define numa linha em um crachá.               

Um dos principais requisitos comportamentais que as organizações passaram a perseguir para compor seus times é o chamado senso de dono ou, numa outra terminologia, as atitudes empreendedoras. E isso não vale mais somente para os proprietários ou para a alta direção, mas para todos.  Segundo Luiz Antônio Rolim de Moura, Gerente da Unidade de Ambiente e Negócios Empresariais do SEBRAE, “Mais que uma postura, ser empreendedor significa a capacidade de ter iniciativas com foco no sucesso da empresa, no sucesso de seus serviços ou produtos. Para simplificar, significa não somente vender e bater metas, mas sim perceber o que está tendo melhor margem e estudar, investir tempo e esforços neste produto e serviço, que nem sempre é o que o fez bater as metas quantitativas. Empreender dentro de empresas é olhar para o dia a dia como uma conquista e não como mais uma etapa que passou. Não é preciso inventar coisas novas todo dia, nem se superar todos os dias, mas sim cuidar do dia a dia tal qual um fazendeiro, que ao saber que vem uma seca, preparar e buscar soluções para não deixar a lavoura morrer de sede.”

Um movimento natural que surge neste novo cenário e com esta nova exigência pelas empresas, é o desejo de se ir além das atitudes empreendedoras para tornar-se empresário ou empresária de fato. Muitos pela compreensão de que serão mais livres, possivelmente trabalharão menos horas por dia e terão mais tempo para si e sua família. E é neste ponto que a grande maioria se depara com algo diferente do que imaginava. “A realidade de um empresário não pode ser medida em horas de trabalho, mas sim em horas de dedicação exclusiva. Um empresário trabalha muito mais que qualquer contratado, só que de formas diferentes, ele tem que ter dedicação ao seu negócio, não pode medir o resultado por esforço, mas sim por crescimento. É importante entender que como na natureza, crescer significa chamar atenção, ter mais desafios e ter concorrentes. Uma grande árvore com certeza começou como semente, e também com certeza só chegou onde está porque lutou muito para merecer, e 100% do tempo, com o olhar sempre voltado para o céu.” Destaca Rolim.

A grande verdade, seja para você empresário ou você colaborador de uma empresa é que um novo horizonte que parecia ser algo distante, já é realidade: todos esperam atitudes de dono e máximo compromisso consigo e com a empresa, afinal grande parte de sua vida será dedicada ao trabalho.

Nada melhor que se sentir parte de algo sob todos os pontos de vista. Isto fará sua carreira ter sentido e irá aguçar seu senso de pertencimento à uma coisa maior, transformando sua empresa ou seu emprego em uma verdadeira missão. Naturalmente, que as atitudes empreendedoras do colaborador, devem estar direcionadas ao core business da empresa em que trabalha. Mas é uma enorme oportunidade para o profissional galgar suas conquistas, fazer descobertas, desafiar a si mesmo e se desenvolver. Os programas de remuneração com participação ao funcionário nos resultados e lucros já são bastante difundidos, visando não só melhorar o salário objetivamente, mas para provocar o senso de dono.

Não basta mais somente vestir a camisa. É o momento de ter um propósito verdadeiro para sua carreira, tal qual é necessário em sua vida pessoal.

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