SBT analisa “Halloween Kills: O Terror Continua”: continua, mas poderia ter parado em 1978

Em cartaz em todas as salas de cinema Cineflix, com segurança e respeitando todos os protocolos de segurança impostos pela pandemia

SBT analisa “Halloween Kills: O Terror Continua”: continua, mas poderia ter parado em 1978 -


Após assistir ao filme de 2018 (Halloween), a sensação que permeia o longa é de que o diretor David Gordon Green não entendeu completamente quais aspectos funcionaram na obra de John Carpenter, abandonando a tensão crescente e misteriosa e aplicando apenas uma violência gráfica brutal, mesmo que por alguns momentos isso chegue a funcionar. Com dez minutos de rodagem desta sequência, fica claro que a tal “sensação” era na verdade a realidade, onde temos mais um filme que aposta todas as suas fichas em tentar chamar nossa atenção exclusivamente através do banho de sangue.

Após uma breve introdução do passado daquele universo, onde, aos novos espectadores, são apresentados novos/velhos personagens da franquia, como Tommy Doyle (Anthony Michael Hall), o garotinho que Laurie cuidava como babá na fatídica noite de Halloween de 1978. Ele se reúne com outros sobreviventes do massacre setentista todos os anos para comemorar, no feriado de 31 de outubro, sua sobrevivência, incluindo Lindsey Wallace (Kyle Richards, reprisando seu papel), Manion Chambers (Nancy Stepehens, que também volta ao papel após 40 anos) e Lonnie Elam (Robert Longstreet, ator que não estava na obra de Carpenter, mas o personagem sim). Após a dose de saudosismo em vê-los em tela, para qualquer um que já tenha visto um filme de terror na vida, sabe que todos serão futuras vítimas do roteiro.

O filme inicia-se no momento em que seu antecessor terminara. A casa de Laurie (Jamie Lee Curtis) em chamas para tentar queimar o monstro mascarado, enquanto ela, a filha Karen (Judy Greer) e a neta Allyson (Andi Matichak) são levadas ao hospital de Haddonfield. Nenhum pouco diferente aos, nem lembro quantos, mas vários filmes da franquia, Michael Myers sobrevive miraculosamente e volta a assassinar quem cruza seu caminho.






O plot de “Halloween Kills” depende exclusivamente de uma coisa: personagens se comportando de maneira idiota o tempo todo. E o sentimento que fica é que os roteiristas, Danny McBride (por que sempre que ele está envolvido em algo, temos alguém com chapéu de cowboy?) e Scott Teems tinham essa frase escrita em uma lousa gigante para não se esquecerem nunca de como esse roteiro deveria ser escrito. Todos, sem exceção, TODOS os personagens aqui são incrivelmente estúpidos. Seja a trupe formada por Tommy com extrema facilidade, pois é realmente uma ótima ideia ir atrás de um assassino brutalmente invencível com bastões de baseball. Ou mesmo quando ouvem passos nos andares superiores de alguma localidade, sabendo que Myers está a solta querendo sangue, e ao invés de correrem por suas vidas, resolvem investigar o cômodo portanto uma faca de descascar laranjas.

Em filmes como este, tem poucas coisas que fazem o espectador esquecer o plot idiota. Aqui, o ótimo trabalho de uma fotografia sombrias que se apoia nas sombras para crias suas cenas e de uma maquiagem verdadeiramente sangrenta e cheia de vísceras consegue mascarar um pouco a tal característica.

Creio que até o fã do longa de 2018, pode se decepcionar com essa sequência e essa afirmação se potencializa aos fãs de Carpenter. A principal diferença aqui, e é quase impossível não gerar comparações, é o momentum. O primeiro “Halloween” era simples e cruel, mas esse não consegue prender a atenção de quem assiste por mais de alguns minutos e então utiliza diálogos extravagantes e fora de tom para, sem sucesso, transmitir seriedade e vivacidade que falta em seu ritmo. Qualquer frase que Laurie profere é uma baboseira sobre impedir o mau. E isso sem nem sequer sair do hospital durante toda a rodagem, o que é uma péssima escolha criativa, pois o que trouxe interesse em reviver essa franquia é a dinâmica de gato e rato entre Laurie e Myers.

“Halloween Kills: O Terror Continua” segue a clássica fórmula das sequências “de novo, porém um pouco mais”. Um pouco mais de personagens insignificantes e consequentemente um pouco mais de mortes, um pouco mais de referências ao clássico de 78 e um pouco mais de mais caos generalizado. Porém, tudo isso faz com que a história se distancie de seu principal, e único, enfoque interessante: o bicho-papão que ganhou vida e assassina a bel-prazer.

Ao longo dos anos, vimos diversas versões da história de Michael Myers nas mãos de John Carpenter, passando para Rob Zombie e agora com David Gordon Green, que se não se redimir no, já confirmado, terceiro e último filme dessa trilogia, vai conseguir o feito incalculável de ser o diretor que conseguiu, em meio a tantos longas execráveis, ter o “Halloween” mais esquecível dentre esses tantos.

Nota do Crítico: 3.0

Nota Média do Público: 7.0

Horários das Sessões  no Cineflix em Araçatuba, Shopping Praça Nova:

Dublado: 17h10, 19h30, 21h50

Classificação indicativa: 16 anos

Comentários