Aplicativos de relacionamento e a saúde mental

Aplicativos de relacionamento e a saúde mental -


Recentemente, foi publicado no New York Times, uma análise sobre o papel dos aplicativos de relacionamento na saúde mental das pessoas.

As principais pesquisas neste campo foram conduzidas pela professora Helena Fisher, uma antropóloga do Kinsey Institute. Segundo a professora Helena, dois aspectos chamaram bastante atenção nas entrevistas : as pessoas estão cada vez mais cansadas do modelo convencional de relacionamento e muitas pessoas relataram uma certa dependência destes aplicativos com impacto negativo para a saúde mental.

Em relação a uma possível insatisfação com o modelo convencional de relacionamento, os entrevistados pontuam que, por meio dos aplicativos, experimentam sensações de otimismo e medo diante de tantos contatos e possibilidades de aventuras de cunho sexual. Seria uma forma de afastar o suposto tédio de um relacionamento já consolidado e enfrentrar, por outro lado, muitas preocupações quanto à segurança, tendo em vista o universo desconhecido que está presente em fotos e conversas exclusivamente virtuais e intangíveis.

O risco de dependência destes aplicativos, como forma de encontrar o caminho certo para os relacionamentos, tem mudado substancialmente o comportamento das pessoas. Vale destacar que estas pessoas estão neste processo de dependência por muitas décadas, quase sempre querendo buscar situações novas, mais atrativas e deixando de lado algumas percepções, como a instabilidade da saúde mental. Comportamentos como a exaustão em atividades corriqueiras, mudanças de personalidade, mudanças de humor e sensação de arrependimento com tempo e dinheiro gastos, foram observados em muitos entrevistados que há mais de 10 anos buscam conquistar um relacionamento por meio dos aplicativos.

A escritora Shani Silver, autora do livro.

“Revolução dos Solteiros” , também se posicionou acerca desta pesquisa, demonstrando preocupação com a saúde mental e o risco de esgotamento mental ( burnout) por parte das pessoas totalmente dependentes de aplicativos de relacionamento. Shani colocou a seguinte questão para debate e reflexão : será que as pessoas que estão desapontadas por um espaço virtual que adquiriram para supostamente encontrar um relacionamento amoroso, estão percebendo o impacto negativo que isto pode estar gerando na saúde mental e no bem-estar?

Shani ainda acrescenta que os aplicativos de relacionamento exercem um efeito inicial positivo, melhorando o humor e níveis de energia do corpo. No entanto, com o passar do tempo, as pessoas começam a sentir raiva e ressentimento em relação a felicidade de outras pessoas que construíram seus relacionamentos de forma mais natural e gradual. Nesta etapa do processo, o abalo emocional, mental e físico começa a se tornar um sinal de alerta para possíveis doenças físicas e psíquicas.

A principal mensagem que esta importante pesquisa conduzida pela professora Helena deixa para todos nós é que a sensação de imaginar que algo muito bom irá acontecer por meio destes aplicativos pode se tornar um estado de incerteza e insegurança por muitos anos, gerando infelicidade e comprometimento significativo  da autoestima. Além disto , uma dica bem bacana desta pesquisa foi a seguinte : se uma pessoa já encontrou possíveis 9 pessoas que se alinhariam com seu perfil, tente aprofundar o relacionamento com estas até talvez encontrar sua “cara-metade”. Segundo estudos anteriores a esta pesquisa , a memória de uma pessoa não consegue lidar de forma equilibrada com mais do que 5 a 9 estímulos simultâneos.

Em suma, manter a dependência de aplicativos de relacionamento pode se converter em obsessão, ansiedade, esgotamento mental e físico , gerando consequências negativas na vida pessoal e profissional.

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