Apesar de novos sinais de retomada, Ibovespa cai de olho em político

Apesar de novos sinais de retomada, Ibovespa cai de olho em político - Reprodução


A despeito de indícios de que a economia global e a brasileira continuarão em recuperação no segundo semestre, o que ampara leve tom otimista no exterior, o Ibovespa abandonou a alta da abertura. Nem mesmo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) melhor do que o esperado em maio animou o investidor local, que segue de olho nos ruídos políticos e ainda tenta entender qual será o efeito da proposta da segunda fase de reforma tributária, especialmente a que envolve a tributação de dividendos.


Há instantes, o Ibovespa aprofundou a queda e se distanciou dos 127 mil pontos da máxima diária (127.203,61 pontos), na contramão da maioria das bolsas americanas e europeias. Participantes do mercado não notam nenhuma novidade no noticiário interno que justifique o movimento, a não ser as preocupações já conhecidas como as políticas e a tributação de dividendos proposta da reforma tributária.

Conforme relatou um operador há investidor estrangeiro na venda. "Entrou vendedor grande e pode ser por causa desse monte de incerteza no Brasil, especialmente no que tange ao político", descreve a fonte.

Às 11h01, o Ibovespa cedia 0,47%, aos 126.199,85 pontos, após mínima aos 126.009,76 pontos, atingida assim que saiu o PMI Industrial dos EUA de junho, que ficou em 60,6, ante projeção de 61. A despeito desse dado, logo as bolsas mostraram força, com todas passando a subir, porém, de forma moderada.

Há, de certa forma, cautela em meio a disseminação da variante Delta do coronavírus no mundo. Hoje a OMS alertou que o número de casos de covid-19 na Europa voltou a subir, após 10 semanas em queda. Já no Brasil, o total de pessoas mortas pela doença voltou a ultrapassar a marca diária de dois mil.

A despeito de dados positivos na zona do euro, o ambiente permanece cauteloso, diante de importantes indicadores norte-americanos no radar e das preocupações com impactos das variantes do coronavírus nas economias, observa em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Apesar do Caged de maio melhor do que o esperado, o tom negativo prevalece. Houve geração de 280.666 vagas formais no quinto mês do ano. O dado superou a mediana de criação de 157.500 mil postos na pesquisa Projeções Broadcast.

"Em geral, a visão é um pouco otimista por uma série de motivos. Tem expectativa de crescimento lá fora e de expansão mais forte no Brasil, dado que a segunda onda de covid não teve impacto significativo. Além disso, o processo de vacinação segue acelerando. São fatores que têm dado impulso à economia", avalia Guilherme Wertheimer, planejador financeiro da Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).

Hoje, o Itaú BBA elevou a projeção para Ibovespa do fim de 2021 de 135 mil para 152 mil pontos.

A despeito dessa sensação, Wertheimer reconhece que algumas propostas na segunda fase da reforma tributária continuam gerando desconforto. "Se incluírem o dividendo como tributação das empresas, essa reforma pode acabar mais sendo mais onerada, com custos maiores do que os benefícios", avalia.

Nem mesmo a valorização do minério de ferro e do petróleo anima. Às 11h18, o Ibovespa caía 0,76%, aos 125.832,22 pontos, na mínima, após máxima aos 127.203,61 pontos.