Após acusação, Rússia nega ter colocado astronautas da ISS em risco

Estação espacial esteve em perigo após teste russo "irresponsável", afirmam EUA e Otan

Após acusação, Rússia nega ter colocado astronautas da ISS em risco - NASA


Autoridades russas rejeitaram nesta terça-feira (16) acusações de que um teste de armamentos teria colocado em perigo os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), ao criar mais de 1,5 mil destroços no espaço.


Na segunda-feira, os Estados Unidos afirmaram que a Rússia destruiu com um míssil um satélite antigo, em uma atitude irresponsável. Os americanos disseram que os destroços poderiam ter atingido a ISS, análise que é compartilhada pela Otan. O satélite Cosmos 1408 orbitava a uma distância de 65 quilômetros da estação espacial.

Após o teste ser confirmado, os astronautas a bordo da ISS – quatro americanos, um alemão e dois russos – receberam ordens imediatas para buscarem abrigo em cápsulas acopladas à estação, onde permaneceram por duas horas antes de poderem reabrir as escotilhas para retornarem à estação.

Cada fragmento, por menor que seja, pode causar danos enormes à estrutura, uma vez que a estação orbita a uma velocidade de 28 mil quilômetros por hora. O impacto de um destroço de tamanho grande pode ser catastrófico.

Bill Nelson, administrador Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, disse que, após o teste, os astronautas estão sob risco quatro vezes maior do que antes de serem atingidos pelo lixo espacial.

"Comportamento descuidado e irresponsável"

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, avaliou que a Rússia, "apesar das alegações de se opor à armamentização do espaço, está disposta a colocar em perigo a exploração e uso do espaço por todas as nações, "através de seu comportamento descuidado e irresponsável".

O Ministério russo da Defesa confirmou nesta terça-feira a realização do teste e a destruição do satélite, que estava em órbita desde 1982, mas rebateu as acusações de Washington.

"Os EUA certamente sabem que os fragmentos resultantes, em termos de horário do teste e parâmetros orbitais, não geraram ou iriam gerar qualquer ameaça a estações orbitais, veículos espaciais e atividades espaciais". O órgão considerou "hipócritas" as declarações americanas.

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse que a destruição foi realizada "com precisão cirúrgica" e não representou qualquer ameaça à ISS. O ministro do Exterior, Sergei Lavrov, também acusou os EUA de hipocrisia, ao afirmarem que a Rússia teria gerado riscos a atividades pacíficas no espaço.

A agência espacial Roscosmos disse apenas que "a segurança incondicional da tripulação tem sido e continua sendo nossa maior prioridade".

A Índia foi o último país a realizar um teste desse tipo em um alvo no espaço em 2019, sendo criticada pelos EUA e outros países por gerar centenas de detritos e lixo espacial. Mas os americanos também fizeram um teste semelhante em 2008, em resposta a outro feito pela China em 2007.

Apesar das tensões entre americanos e russos, os dois países mantêm uma forte parceria desde o fim da Guerra Fria, que resultou na construção em conjunto da ISS.