Dólar tem alta leve com PEC da Transição no foco e ajustes a NY após feriado

O dólar ajusta-se em alta moderada nesta sexta-feira, 25, após firmes quedas da quinta-feira. Os investidores ajustam posições sob pano de fundo de cautela em meio a incertezas sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição e com a valorização da moeda norte-americana no exterior após o feriado da quinta nos Estados Unidos. Mas os retornos dos Treasuries de 10 e 30 anos nos Estado passaram a cair, e o avanço de preços das commodities induz também uma desaceleração das perdas do Ibovespa futuro.

A piora das restrições na China por causa do aumento de casos e mortes por coronavírus e sinais de desaceleração no crescimento do país levaram o Banco do Povo chinês (PBoC) a cortar a taxa de compulsório bancário em 25 pontos-base, que representa uma injeção de 500 bilhões de yuans em liquidez nos mercados. O petróleo reagiu ampliando ganhos intradia, mas o dólar se mantém em alta moderada lá fora desde cedo, após a sinalização da ata da última reunião do Federal Reserve indicar que a maioria dos seus dirigentes está disposta a moderar o aperto monetário em breve.


O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, reúne-se nesta sexta em São Paulo com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o senador eleito Wellington Dias (PT-PI) e o senador Jaques Wagner (PT-BA) para dar andamento às negociações em torno da PEC.

Com dificuldades de articulação política no Congresso, a equipe de transição estaria voltando a debater a proposta de bancar o pagamento do Auxílio Brasil/Bolsa Família em 2023 por meio de crédito extraordinário, via medida provisória, sem a necessidade de aprovação de uma PEC. Esse encontro acontece após presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), avisar a interlocutores de Lula que a PEC será pautada no colegiado somente após uma "conversa" dele com o petista.

Os investidores devem monitorar também a ida do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ao almoço anual da Febraban representando Lula, bem como uma palestra do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no mesmo evento. Ontem, o dólar caiu mais de 1%, principalmente após informação do Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) de que Haddad, principal cotado para o comando da equipe econômica no futuro governo, pode fazer dobradinha com Persio Arida - que seria ou seu secretário-executivo ou o ministro do Planejamento. A presença de Arida afasta as chances de uma equipe econômica predominantemente heterodoxa.

Apesar da queda leve do Ibovespa futuro, de 0,15% às 9h44, os American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras e da Vale sobem no pré-mercado de Nova York, em dia de alta das commodities. O petróleo Brent subia 1,62% e o WTI, 2,27%, enquanto o minério de ferro teve alta de 3,27% na bolsa de Dalian, a 758 yuans, o equivalente a US$ 105,85; e sobe 4,19% em Cingapura, cotado a US$ 99,00. Após o fechamento do mercado local ontem, a Petrobras informou que recebeu R$ 10,3 bilhões referente à cessão de 5% de sua participação no campo de Búzios para a CNOOC.

Há pouco, o Banco Central informou que o déficit nas transações correntes do País somou US$ 4,625 bi em outubro (menor que o déficit esperado de US$ 4,750 bi) e US$ 44,039 bi no ano até outubro. Já o investimento direto no país (IDP) somou us$ 5,541 bi (bem abaixo da medida do mercado de US$ 9,185 bilhões) e US$ 73,954 bilhões, respectivamente.

Às 9h45, o dólar à vista subia 0,09%, aos R$ 5,3155. O dólar dezembro ganhava 0,10%, aos R$ 5,3205.