PARTE DO ACERVO FOI DESTRUÍDA
Falta vontade política de investir, diz especialista sobre incêndio na Cinemateca
Um galpão da Cinemateca Brasileira, na zona oeste de São Paulo, pegou fogo na noite desta quinta-feira, 29, e destruiu parte do acervo da instituição, a maior da área na América Latina. Para Marcelo Lima, diretor geral do Instituto Sprinkler Brasil, esse e outros incêndios que colocaram em risco patrimônios culturais brasileiros poderiam ser evitados com investimento. "Não tem a vontade política e a vontade de gastar dinheiro com isso", afirma Marcelo.
De acordo com o Corpo dos Bombeiros, a principal hipótese é de que as chamas tiveram origem durante a manutenção do ar-condicionado do local e três salas, com material de filmes e impresso, foram completamente consumidas pelo fogo. A Secretaria Especial de Cultura disse ter pedido à Polícia Federal para investigar o problema. Em abril, ex-funcionários da Cinemateca já haviam alertado para o risco de incêndio por causa da deterioração da estrutura do museu.
Segundo Lima, a tecnologia para esse tipo de prevenção já existe, mas o problema é maior e o incêndio expõe uma trajetória de descasos. "Uma goteira que fica estragando o prédio por anos não dá notícia", explica o engenheiro. Para o diretor, o perigo desse tipo de acontecimento é a rapidez com que o fogo pode se alastrar até incinerar o acervo.
O fogo na Cinemateca não é um fato isolado. Outras instituições como o Museu da Língua Portuguesa, em 2015, e o Museu Nacional, no Rio, em 2018, também queimaram. No caso do Museu Nacional, houve perda de 80% do acervo - coleções inteiras foram destruídas, como a coleção com 12 mil insetos, e itens egípcios, como múmias e sarcófagos. Marcelo Lima avalia que o setor cultural do País precisa de apoio para evitar esse tipo de incêndio no futuro. "Uma perda em um prédio desses não é simples, é uma perda de propriedade de toda a população."