Investidor tem de mostrar mais boa vontade com governo, diz Campos Neto

'O investidor é muito apressado, muito afoito', declarou o presidente do Banco Central

Investidor tem de mostrar mais boa vontade com governo, diz Campos Neto - Reprodução


O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 14, que os investidores têm de mostrar mais boa vontade com governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. "O investidor é muito apressado, é muito afoito, e acho que precisamos ter um pouco mais de boa vontade com o governo", disse, em evento do BTG Pactual.


Ele voltou a afirmar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem tido uma "boa vontade enorme" e se mostrado disposto a seguir um arcabouço fiscal com disciplina. O presidente do BC lembrou que o governo está instalado há apenas 45 dias.

Mesmo assim, Campos Neto reconheceu que a mudança das expectativas para a economia ocorreu por um aumento de prêmios de risco, já que o IPCA tem se mostrado melhor no curto prazo. Ele lembrou que, até dezembro, o cenário-base do BC indicava uma inflação que convergia à meta mesmo com quedas da taxa Selic a partir de junho.

A declaração veio em resposta a uma pergunta do CEO do banco, Roberto Sallouti. O executivo lembrou que a curva de juros futuros deixou de precificar quedas da Selic e questionou o que seria necessário para se retornar ao cenário visto em dezembro, quando se esperava uma redução dos juros a partir do segundo trimestre.

O presidente do Banco Central disse que a autarquia fixa juro de 1 dia e que qualquer coisa além disso é disposição de emprestar ao governo e que tentar controlar o mercado, o governo terá que jogar a sua dívida para o curto prazo. Ele disse ainda entender de que a ideia de o agregado monetário não está ligado à inflação já foi superada.

Sobre as pressões que o BC vem recebendo para reduzir juros e alterar a meta inflacionária, o banqueiro central voltou a afirmar que "no Brasil, não estamos em período em que seria bom experimentar".

"A hora não é boa para fazer experimentos sem melhorar a credibilidade", defendeu o presidente do BC.

Ele afirmou que há dinheiro para entrar no Brasil, com pessoas querendo fazer investimentos no País. "Se tiro a capacidade da curva expressar risco, as pessoas buscarão proteção em outra variável."