Lula e a democracia

Lula e a democracia - Reprodução/Twitter/Lula


São propriamente estarrecedoras as declarações de Lula e de dirigentes petistas a propósito da democracia.


O Brasil vive um momento particularmente difícil com os arroubos autoritários do atual presidente, com a pobreza gritando pelas ruas do país, enquanto aquele que se coloca como uma alternativa política se perde em elogios a regimes ditatoriais como o cubano e o nicaraguense.

Credibilidade. Com qual credibilidade podem eles dizer que se apresentam como uma via democrática para o país? Será que a personificação que fazem de si mesmos como um novo governo seria uma réplica do que pensam a respeito de outros governos de esquerda?

Nicarágua. O ditador Daniel Ortega foi mais uma vez reeleito presidente da Nicarágua, tendo feito a proeza de mandar prender e retirar da competição seus concorrentes mais importantes. Agora, a esquerda adotou o método chavista de conquista do Poder por intermédio da farsa de uma suposta via democrática. Seu regime caracteriza-se pelo caminho sanguinário da repressão, assassinando centenas de seus cidadãos, não admitindo nenhum tipo de contestação. Tão gritante foi a fraude que a sua “eleição” não está sendo reconhecida internacionalmente. No entanto, Ortega e seu partido são considerados irmãos e companheiros pelo PT. Será isto então que os petistas estimam como a democracia que deveria ser implementada no país?

Cuba. Cuba continua sendo um caso à parte no imaginário da esquerda brasileira. Por maiores barbaridades que cometa, sempre há alguma justificativa. O seu regime de partido único, com ditas eleições de cartas marcadas, continua sendo objeto de apreço, como um modelo que deveria ser imitado. O silêncio a respeito do autoritarismo que lá grassa é constrangedor. Nestes últimos dias, temos observado a repressão policial a manifestações, com o seu povo reclamando pela liberdade de expressão, comida e remédios, enquanto o regime castrista apenas faz o que sempre soube fazer: utilizar a violência para calar opositores e quaisquer contestações. As masmorras cubanas são bem conhecidas pela prática da tortura e por suas péssimas condições carcerárias. A pobreza, igualitariamente distribuída para todos, salvo para os dirigentes partidários bem entendido, reina para os que se representam como os verdadeiros comunistas. Eis o modelo que o país deveria seguir?

Embargo. Ainda em seu périplo europeu nestes últimos dias, quando instado a falar sobre a repressão cubana, Lula limitou-se a afirmar que o problema lá consistia no embargo americano que impedia o crescimento da ilha. Há um tempo atrás disse uma asneira semelhante ao afirmar que, não fosse o tal do embargo, Cuba seria uma Holanda, sem se referir evidentemente ao fato de ser este pequeno país próspero por ser livre, capitalista e democrático. O ex-presidente confunde intencionalmente embargo com bloqueio. O embargo só vale para os EUA e empresas americanas. Se a ilha quiser comercializar com a China, com a Rússia, com os países asiáticos, com a União Europeia, com o Brasil, com a Argentina e assim por diante é um problema exclusivamente seu. Os americanos não têm nada a ver com isto. Não há bloqueio militar da ilha, que impediria o seu comércio. Se não o faz é por absoluta incapacidade e incompetência. Os dirigentes só procuram justificativas para a sua inépcia e para a repressão de seu povo.

Foro de São Paulo. A permanecer nesta toada, o PT e o seu dirigente máximo só se recusam à sua própria renovação, permanecendo presos a suas fórmulas do passado, como o Foro de São Paulo. Tal organização foi criada por Lula, PT, os irmãos Castro e seus congêneres esquerdistas latino-americanos para orquestrar a revolução dos “hermanos”. Apoiaram-se e apoiam-se mutuamente em uma marca de sua “solidariedade”, alicerçada em sua comunhão ideológica e antidemocrática. Enquanto mantiverem essas posições, as declarações democráticas de Lula e do PT só podem soar como farsescas.