SBT analisa “Escape Room 2: Tensão Máxima”: quem precisa escapar: os personagens ou o público da sala de cinema?

Hollywood e suas franquias sem criatividade

SBT analisa “Escape Room 2: Tensão Máxima”: quem precisa escapar: os personagens ou o público da sala de cinema? - Reprodução


"Escape Room 2: Tensão Máxima" tem a mesma premissa de seu antecessor: um grupo, agora denotado um padrão, de pessoas é levado por uma mega empresa de apostas clandestinas para resolver desafios em salas mortais, tentando avançar para a próxima sala para realizar as mesmas peripécias engenhosas do cômodo anterior buscando a sobrevivência. Se no primeiro filme, esse grupo, era formado por adolescentes, calcados por traumas, aqui, são ex-campeões da gincana mortal que retornam para sofrer novamente nos quebra-cabeças fatais. Remanescentes do primeiro grupo, Zoey (Taylor Russell) e Ben (Logan Miller), estão de volta, pois a primeira é portadora de uma síndrome de Estocolmo avassaladora e mesmo conseguindo a proeza de sobreviver aos desafios, insiste em descobrir quem está por trás de tudo para leva-lo à Justiça, e com isso arrasta o melhor amigo e também, heroicamente, sobrevivente do filme anterior para seu plano de justiça infalível, mesmo este segundo implorando para que ela esqueça essa história com argumentos calcados de obviedade lógica.  


Essa sequência é bastante coerente para com o primeiro filme, ou seja, é embasada em um roteiro extremamente primitivo. Com o mínimo senso de atenção e interesse ao longa, você consegue desvendar todos os passos seguintes que o texto do filme crê, de forma inocente, serem perspicazes. Dando início, de forma extremamente preguiçosa, com uma montagem frenética para recapitular o que acontecera naquele universo até então, o que denota que até mesmo o diretor sabia o quão esquecível “Escape Room” (2019) é, momento que se prova ser um tiro no próprio pé, vide que relembrando do primeiro filme com essa contextualização, vemos que o final daquele, ou pelo menos os dois últimos minutos, foram completamente abandonados, tal furo que nem seria lembrado caso não houvesse essa reconstituição.

Convencendo Ben, Zoey parte para a cidade de Nova Iorque para desvendar os mistérios da empresa criadora dos jogos (Milos) e acabar com a onda de crimes. Convenientemente, ela acaba em um vagão de metrô da cidade americana, coincidentemente com todos os outros campeões/sobreviventes de jogos anteriores, onde o filme apenas tem o capricho de mostrar que sua protagonista foi coagida a chegar a tal ponto, porém os outros personagem estarem ali é apenas fruto do acaso. Desta vez, o grupo é formato pelos dois já conhecidos e supracitados personagens, mais dois homens e duas mulheres. Não vou perder tempo escrevendo sobre o elenco, pois são personagens escritos de forma unidimensional e unicamente para morrer em cada uma das salas conforme o avanço do grupo.

O único motivo pelo qual não tentei, bem como os personagens, escapar desesperadamente da sala de cinema é a qualidade da montagem, onde a uma hora e meia é objetivamente funcional para contar aquela história. Partindo do pressuposto que a montagem é o coração de um filme, fica claro que tal artificio tenta segurar as pontas, visto que todos os outros órgãos já declararam falência. Igualmente ao primeiro longa da franquia (tomara que não façam mais), além da montagem, tendo em vista que sua relação com os personagens é a mais indiferente possível, me mantive com os olhos presos em tela para ver se, pelo menos, diferente do filme de 2019, as óbvias e premeditadas mortes, seriam inventivas. Novamente me frustrei. Sabendo quem vai morrer em determinado momento e com as mortes sendo recriações lúdicas de outra franquia de desafios mortais, só que essa aí com uma diferença de qualidade abissal, o que nos resta é esperar o tempo passar e torcer para que o twist final seja minimamente empolgante e lógico, dentro da proposto exagerada do universo, claro.

Logo na abertura, em voice over, ouvimos que jogos como esses só existem, pois os seres humanos sentem prazer em assistir pessoas lutando pelas próprias vidas em situações extremas. Eu concordo com essa afirmativa, visto os exemplos acertadamente usados pelo roteiro para embasar este argumento e que filmes de terror são tão amados pelo grande público e grandes sucessos de crítica, podendo citar Jogos Mortais, fonte que a franquia Escape Room mergulha de cabeça. Eu apenas não concordo quando o filme se engloba neste conglomerado, pois a única pessoa que eu me interessei em ver se contorcendo de forma agonizante para conseguir sair de determinado ambiente fui eu mesmo, daquela sala de cinema onde o maior dos quebra-cabeças é saber o motivo pelo qual eu gasto meu soado dinheiro vendo filmes como este.

Nota do Crítico: 1.0

Nota Média do Público (IMDb): 5.9