O ex-presidente Jair Bolsonaro disse em depoimento nesta quarta-feira (26) na sede da Polícia Federal em Brasília que publicou "por engano" um vídeo com notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, pois estaria sob o efeito de medicamentos.
O depoimento, que durou cerca de duas horas, havia sido determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no âmbito das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e tendo por base uma postagem feita pelo ex-presidente em 10 de janeiro.
Na data, Bolsonaro compartilhou um vídeo com uma declaração de um procurador de Mato Grosso do Sul que sustenta teses infundadas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, já desmentidas pelas autoridades. A postagem de Bolsonaro ocorreu apenas dois dias após a invasão das sedes dos três Poderes em Brasília e foi retirada do ar poucas horas depois.
Na avaliação de Moraes, o post poderia indicar uma ligação entre o ex-presidente e os atos golpistas por apoiadores de Bolsonaro insatisfeitos com o resultado das eleições presidenciais de outubro de 2022.
"Mensagem acidental"
Após o depoimento, o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, disse a repórteres que a mensagem publicada por Bolsonaro foi acidental.
"Tanto a postagem foi acidental que ele [Bolsonaro] não fez nenhum comentário em cima deste post e o apagou logo na sequência. O [ex-] presidente quando saiu de férias tratou a eleição como página virada. Em momento algum você vai encontrar alguma declaração dele declinando que a eleição tenha sido fraudada", disse o advogado.
O ex-chefe da Secom no governo Bolsonaro e atual assessor do ex-presidente Fabio Wajngarten, também presente no depoimento, confirmou que Bolsonaro alegou à PF que estava sobre o efeito de medicamentos e, por isto, fez a publicação sem querer. "Assim que alertado, apagou o vídeo", acrescentou Wajngarten.
Sob efeito de morfina
De acordo com o portal de notícias G1, Bolsonaro teria dito à PF que queria salvar o vídeo para visualizá-lo mais tarde, mas acabou compartilhando o conteúdo de forma não intencional.
A defesa também alega que, no dia da postagem, Bolsonaro tinha acabado de receber alta hospitalar devido a uma obstrução intestinal e havia sido medicado com morfina.
Também segundo o G1, Wajngarten negou o envolvimento do vereador carioca Carlos Bolsonaro na postagem. Filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro costumava gerenciar as redes sociais do pai.
Neste mês, Bolsonaro já havia comparecido à Polícia Federal para prestar depoimento em outro caso. No dia 6 de abril, o ex-presidente foi ouvido no inquérito que apura se ele cometeu crime de peculatoao ficar com os itens de luxo que recebeu como presente da Arábia Saudita.
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