Após muitas idas e vindas sobre o que fazer com a casa onde nasceu Adolf Hitler, a Áustria confirmou que ela será transformada em posto administrativo da polícia. As obras serão iniciadas em outubro. A residência fica na região central de Braunau am Inn, uma pequena cidade de 16 mil habitantes na fronteira com a Alemanha.
O governo empreendeu uma longa batalha judicial para conseguir a propriedade. A preocupação era de que ela se transformasse em local de culto ao líder nazista. A construção de 800 metros quadrados terá um novo andar e será ampliada. O projeto demorou para ser concretizado, e o custo das obras, de € 20 milhões (R$ 108 milhões), será financiado pelo Estado.
Günter Schwaiger, diretor austríaco de um documentário que será lançado no fim de agosto sobre o destino da casa, pediu às autoridades que desistissem da ideia de transformá-la em posto policial.
Adolf Hitler nasceu em Braunau am Inn em 20 de abril de 1889, em uma casa onde morou por um curto período. A família deixou a cidade quando ele tinha 3 anos. De 1972 até o fim de 2016, quando foi expropriada, o Estado alugava a residência para evitar que ela se tornasse um local de exaltação a Hitler.
Em 2011, ela funcionou como agência para prestar assistência a pessoas com deficiência. A administração acabou desistindo do local, porque o proprietário de quem o Estado alugava se recusou a adaptar o edifício para receber pessoas com necessidades especiais. A casa está vazia desde então e, por muito tempo, se discutiu se o prédio deveria ser utilizado para fins beneficentes, sociais ou administrativos.
Em 2019, o Ministério do Interior anunciou que utilizaria a casa como posto da polícia, uma decisão contestada no país. O documentário de Schwaiger denuncia que esse destino cumpre o que Hitler pretendia para o edifício.
Segundo ele, o fato é um exemplo de como a Áustria não confronta seu passado nazista. O diretor localizou um artigo publicado em um jornal local mencionando que Hitler havia colocado a casa à disposição das autoridades nazistas locais para uso administrativo.
O historiador Oliver Rathkolb, que integrou uma comissão criada para ajudar o governo a decidir o destino da casa, disse que esse argumento é "absurdo". Segundo ele, o artigo não é um documento histórico e a administração local nazista de 1939 não pode ser identificada com a atual força do Ministério do Interior.
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