Imagens de câmeras acopladas nos uniformes dos policiais militares que amarraram um homem pelas mãos e pés revelaram a abordagem antes da violência cometida na zona sul de São Paulo (SP), em 4 de junho. Os seis policiais envolvidos estão afastados do trabalho operacional.
A defesa de Robson afirma que ocorreu furto famélico -- quando a pessoa rouba alimentos única e exclusivamente para comer em situação de risco, como fome -- e tortura. A cena chocante foi registrada quando o homem estava em uma unidade de pronto atendimento. A Justiça não viu tortura: a decisão da juíza Gabriela Marques da Silva Bertolli considerou que não há elementos para concluir que houve tortura, maus-tratos ou descumprimento dos direitos constitucionais assegurados ao preso
Antes da violência na unidade de saúde, as imagens das câmeras mostram a conversa de Robson com os policiais. Uma policial é vista, enquanto pede que o homem se sente ao chão. O abordado negou: "Pra mim sentar, só dando o rodo", até que um PM comete a ação -- "Eu quero tomar um rodo, tio", diz Robson --, derrubando-o no chão com uma rasteira.
Depois, dois policiais dão início à tentativa de imobilização de Robson. No momento dessa abordagem, não é possível ouvir o áudio. Em outra imagem, de uma câmera de segurança de um prédio, mostram o homem já amarrado nas mãos e pés.
Anteriormente, foi dito que as câmeras estariam desligadas. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as imagens das câmeras "estão disponíveis para consulta irrestrita pela Corregedoria, por integrantes do Ministério Público e Poder Judiciário".
A pasta diz que Robson "teve mãos e pés amarrados ao resistir a abordagem policial após ter furtado mercadorias juntamente com outro suspeito e um adolescente".
O órgão ainda diz que "os vídeos foram inseridos como prova nos autos do Inquérito Policial Militar e não são divulgadas, conforme previsão legal, resguardando a imparcialidade nas investigações".
Já o Tribunal de Justiça de São Paulo disse que o processo tramita em segredo de justiça e que após o recebimento da denúncia, uma audiência foi marcada para 27 de julho. O homem que foi amarrado foi denunciado por furto qualificado, facilitação à corrupção de adolescente e resistência. Outro homem que teria participado da ação, identificado como Ademário Bernardo, também foi denunciado.
O TJ ainda afirmou que a conduta dos PMs tramita na Justiça Militar. A SSP também disse que a abordagem "não é compatível com o treinamento e os valores da Polícia Militar".
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