O treinador do Corinthians Mano Menezes analisou o começo de trabalho de Fernando Diniz à frente da seleção brasileira, em entrevista exclusiva ao Arena SBT desta segunda-feira (20). Além de crítico da dupla função entre Fluminense e Brasil de Diniz, Mano acredita que o colega tem método "diferente por um lado bom", mas que "transformações radicais levam mais tempo na seleção".
"Tempo atrás, eu falei que achava perigoso o que a CBF decidiu fazer. Não tenho nada contra o Diniz e não tenho nem direito de achar algo, como treinador que sou. O que a gente está passando é normal. Escolhemos um treinador que é muito diferente de outros, que tem um método próprio de ver o futebol e de montar para o jogo. Para passar por uma transformação tão radical, seria necessário um tempo maior e algo mais estável, para se colher os frutos lá na frente", começou explicando Mano, que concluiu:
"A seleção não permite isso, porque você se reúne pouco, treina pouco. Então a gente tem que entender o processo. A CBF escolheu o Fernando Diniz pra fazer essa transição, que eu acho que deveria ser permanente, mas tem que ter paciência, calma e entender que oscilações vão acontecer. Implantar ideias e conceitos diferentes não acontecem do dia para a noite na seleção brasileira".
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A seleção brasileira foi derrotada pela Colômbia na última quinta-feira, mesmo tendo saído na frente no placar. Sobre o jogo, Mano Menezes disse que foi aberto a todo tempo, mas que jogar com uma formação tão ofensiva fora de casa abre margem para tomar pressão.
"Penso que o Brasil fez um início de jogo bom diante da Colômbia, mas foi pouco tempo que conseguiu jogar bem. O jogo sempre esteve muito aberto, porque a seleção jogou com dois volantes e quatro atacantes, então ficou um jogo que quando a gente chegava à frente, criava oportunidades de gol, mas a Colômbia também tinha condições de chegar à nossa última linha, com jogadores capazes de também nos incomodar. O Brasil poderia ter vencido o jogo, mas é o ensinamento de uma Eliminatória, são jogos duros, com jogadores grandes, que jogam em clubes grandes. Às vezes, um jogo fora de casa, que é mais lá e cá, pode terminar mal, como terminou na Colômbia", analisou Mano.
Num contexto maior, Mano Menezes ainda opinou sobre a condição da seleção brasileira nas disputas entre seleções. Sem apelar à rica história canarinha, o técnico do Corinthians entende que o futebol brasileiro precisa absorver as mudanças do futebol mundial, mas também ter uma "cara" atrelada à sua essência.
"Eu acho que a gente começa a pagar um preço por não conseguir manter os nossos jogadores por mais tempo aqui no Brasil. Porque isso vai tirando uma referência interna de uma qualidade mais elevada, e a gente acaba perdendo muito da nossa referência de jogar, que a gente sempre teve. Forçosamente, passaríamos por uma modificação, porque o futebol passou por uma modificação, mas isso não significa rasgar simplesmente tudo aquilo que fizemos e nos abraçar nos novos modelos. Tínhamos que encontrar uma maneira atualizada de privilegiar o talento do jogador brasileiro, sem achar com saudosismo que jogar bem é só fazer algumas coisas que achamos bonitas. É preciso atualizar essa ideia, como acho que vamos, mas o futebol do nosso país começa a passar por uma transformação, para melhor. Tendo uma liga atualizada e forte em todos os modelos, a gente volta em um curto espaço de tempo. Mas vamos ter também que passar por uma melhora na maneira de dirigir o futebol brasileiro, que me parece que temos uma defasagem enorme", finalizou Mano.
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