A alta de 0,4% no volume de serviços prestados no País em novembro ante outubro confirmou a tendência de uma trajetória de altos e baixos no setor ao longo de 2023. As atividades investigadas continuam crescendo, mas a taxas mais brandas que no pós-pandemia, avaliou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De janeiro a novembro de 2023, na série com ajuste sazonal, o setor de serviços registrou expansão em seis meses e recuou em cinco: janeiro, -3,4%; fevereiro, +0,9%; março, +1,1%; abril, -1,8%; maio, +1,5%; junho, +0,1%; julho, +0,7%; agosto, -1,4%; setembro, -0,2%; outubro, -0,5%; e novembro, +0,4%.
"Digamos que o setor de serviços não tenha mais nenhum grande motor que impulsione, como serviços de tecnologia de informação e serviços de transporte de cargas impulsionavam no fim de 2022", justificou Lobo.
O pesquisador lembrou que o setor de serviços renovou recordes sucessivos no pós-pandemia até o fim de 2022, quando atingiu o pico da série histórica. Atualmente, há tanto uma base de comparação elevada quanto uma normalização de demanda.
"Em 2023, alguns fatores começaram a mostrar sinais de perda de fôlego. Um deles foi o menor fôlego de crescimento dos serviços de tecnologia de informação", lembrou ele, acrescentando que a pandemia apresentou uma demanda maior das empresas por digitalização. "Tudo isso cresceu muito no pós-pandemia, e parece que, em 2023, as coisas normalizaram. O setor segue crescendo na maior parte do tempo, mas não a taxas tão elevadas "
Lobo acrescenta que o transporte de cargas também crescia de forma muito significativa, tanto pela explosão do comércio eletrônico quanto pelo bom desempenho do setor agrícola brasileiro.
"A produção agrícola brasileira teve recorde de safra em 2023, e essa safra se posiciona de forma muito mais relevante no primeiro semestre do ano. Então agora, no segundo semestre, perde um pouco desse dinamismo no transporte de cargas", explicou.
O pesquisador defende ser difícil identificar como fatores macroeconômicos, como câmbio e juros, afetam a prestação de serviços como um todo, uma vez que o setor de serviços "é muito dinâmico e heterogêneo". Uma variável macroeconômica pode afetar positivamente uma atividade de serviços e negativamente outra, concluiu.
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