19/06/2023 • 10:55:00

Quinze anos de Lei Seca: taxa de mortes por acidentes de trânsito causados pelo álcool caiu 32%

ESTADÃO CONTEÚDO



Quinze anos após a aprovação da Lei Seca, a legislação tem efeitos concretos na redução da letalidade dos acidentes de trânsito no Brasil. Pesquisa do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) identificou queda de 32% nas mortes decorrentes de acidentes de trânsito por uso de álcool entre 2010 e 2021.

Segundo dados do "Panorama dos acidentes de trânsito por uso de álcool no Brasil", a taxa de óbitos nesse período passou de sete a cada 100 mil habitantes para cinco. Embora a Lei Seca tenha sido aprovada em 2008, o Cisa analisa dados a partir de 2010, quando a Organização Mundial de Saúde lançou a Estratégia Global para Reduzir o Uso Nocivo de Álcool.

A Lei Seca instituiu inicialmente um limite de 6 decigramas de álcool por litro de sangue a partir do qual eram aplicadas as sanções aos motoristas. Depois, uma alteração feita em 2012 trouxe uma política de "tolerância zero". A estimativa é de que, com a lei atual, mesmo um copo de cerveja ou uma taça de vinho possam enquadrar o condutor na Lei Seca.

As punições incluem multa de R$ 2.934,70, que pode ser multiplicada por dois caso o motorista seja reincidente. O motorista também poderá ter o direito de dirigir suspenso por 12 meses. Caso não haja outro condutor para dirigir o veículo, o carro poderá ser retido.

"Embora esta seja uma questão complexa sem respostas ainda consolidadas, a redução de mortes deve ser comemorada e pode ser um indicativo de sucesso da Lei Seca e de maior compreensão por parte da população do perigo de beber e dirigir, além de outros motivos, como limites de velocidade, uso de capacete, cinto de segurança e da cadeirinha para as crianças. Dessa forma, acidentes que antes poderiam ser fatais tornam-se menos graves, gerando hospitalizações", explica Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa.

Enquanto o número de mortes caiu ao longo dos últimos anos, o índice de internações causadas por acidentes de trânsito por uso de álcool aumentou, passando de 27 a cada 100 mil habitantes em 2010 para 36 a cada 100 mil em 2021.

Apesar de a média de óbitos ter diminuído, o estudo mostra que ainda há muita disparidade entre os Estados da federação. Em 2021, o Tocantins apresentou uma taxa de 11,8 mortes a cada 100 mil habitantes em decorrência de acidentes de trânsito causados pelo uso de álcool. O índice é o maior entre os Estados do país. Na outra ponta, o Rio de Janeiro registrou uma taxa de 1,6 mortes a cada 100 mil, sendo o Estado com menor índice de óbitos nesse contexto.

A pesquisa identificou, porém, que alguns problemas ainda persistem. Mesmo com a Lei Seca, 5,4% dos brasileiros relataram dirigir após beber. Os dados mostram ainda o perfil dos acidentados em 2021: os homens correspondem a 89% das mortes por acidentes de trânsito por uso de álcool e 86% das internações. A faixa etária mais atingida é de 18 a 34 anos. De acordo com a pesquisa, em 2021, foram 10.887 mortes no total por esse motivo. Os valores correspondem a 1,2 óbitos por hora e 8,7 internações.

Campanhas de conscientização

A pesquisadora do Cisa diz que apenas a mudança na legislação não é suficiente para modificar totalmente o comportamento das pessoas. Ela defende que haja mais campanhas para promover conscientização e lembra que qualquer dose de álcool é perigosa quando se trata de dirigir.

"Mudanças comportamentais levam tempo para se implementar na cultura de uma população, e dependem também de outros fatores, como confiança no setor público. Por isso, a necessidade que sejam permanentes as ações de fiscalização, punição e educação para segurança viária. Além disso, ainda vemos pessoas se considerando imunes aos efeitos do álcool, pensando que a bebida não interfere em sua capacidade de direção. Isso é um equívoco", argumenta Mariana Thibes.

Mesmo com resultados positivos da aplicação da Lei Seca, a socióloga afirma que ainda há espaço para aprimorá-la. Segundo Thibes, há pesquisas que indicam que o Brasil ainda utiliza o bafômetro com menos frequência em comparação com outros países. Comparação dos dados de trânsito e álcool da cidade de São Paulo com a Noruega, entre 2005 e 2015, mostrou que a fiscalização com o uso do bafômetro é 8,7 vezes mais comum no país nórdico do que na capital paulista.

"As pessoas precisam entender realmente que nenhuma gota de álcool é permitida, pois mesmo a pouca ingestão de álcool já compromete a parte cognitiva e altera as funções motoras, aumentando as chances de envolvimento em acidentes de trânsito e sua gravidade", diz Mariana Thibes.

Defesa Civil de Rio Preto prioriza agora roupas de frio, cobertores e alimentos para o RS

Ana Hickmann "testou" Edu Guedes em começo de namoro; entenda

Nova cheia do Lago Guaíba cria fortes ondas em Porto Alegre

Juíza condena União a pagar R$ 1 mi a professor preso e torturado na ditadura

“Missão Humanitária UniSALESIANO: saúde não espera!” envia 37 profissionais e acadêmicos ao Rio Grande do Sul

Prefeitura de Catanduva e Rumo investem R$ 20 milhões em obras de contornos ferroviários

Unimed Araçatuba realiza doação de 15 mil garrafas de água mineral para o Rio Grande do Sul

Polícia Rodoviária apreende uma tonelada de maconha no interior de SP

Telescópio espacial capta imagem de 'fábrica' de explosões estelares

Vítimas da tragédia em Brumadinho autorizam repasse de R$ 2,2 mi ao RS

Escolas municipais superam média estadual do Índice de Excelência Educacional e apresentam alto desempenho

Polícia Rodoviária prende boliviano transportando cocaína na mochila

Compartilhe

© Copyright 2024 SBT Interior - Todos os direitos reservados