Os líderes dos 27 países da União Europeia fecharam um acordo nesta quinta-feira, 1º, para providenciar à Ucrânia um novo pacote de ajuda de 50 bilhões de euros, apesar das ameaças da Hungria, nas últimas semanas, de vetar a medida. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel anunciou o acordo apenas uma hora após o encontro dos líderes em Bruxelas.
"Nós temos um acordo", disse Michel em uma publicação no X.
Ele declarou que o acordo garante um financiamento constante, de longo prazo e previsível para a Ucrânia e demonstrou que a União Europeia está assumindo a liderança e responsabilidade na ajuda para a Ucrânia. "Nós sabemos o que está em jogo", disse.
Não ficou imediatamente claro se alguma concessão foi feita para garantir que a aprovação do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. Ele levantou objeções ao pacote de ajuda financeira em dezembro e nos dias que antecederam o encontro desta quinta-feira em Bruxelas.
No caminho para a reunião, vários líderes atacaram Orban, acusando-o de chantagem e de jogos políticos que indeterminariam a ajuda para a Ucrânia e à economia do país afetada pela guerra. Quase dois anos depois da invasão da Rússia, a guerra estagnou e a economia da Ucrânia desesperadamente precisa de ajuda.
Mas as brigas políticas internas da União Europeia e dos Estados Unidos impediram uma fonte de financiamento a longo prazo. Cresceu a preocupação que o apoio público para continuar derramando dinheiro na Ucrânia tenha começado a diminuir, mesmo que uma vitória da Rússia poderia ameaçar a segurança por toda a Europa.
"Não há problema com a chamada fadiga da Ucrânia. Agora temos a fadiga de Orban em Bruxelas", disse o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, na quinta-feira. "Eu não consigo entender. Não consigo aceitar esse jogo muito estranho e muito egoísta de Viktor Orban."
Em dezembro, os outros 26 líderes da UE concordaram em um pacote de ajuda de 50 bilhões de euros para este ano até 2027. Eles também concordaram em tornar a Ucrânia um candidato à adesão da união econômica, o que Orban relutantemente aceitou.
Mas o pacote de ajuda foi parte de uma revisão de orçamento contínuo da UE para sete anos, o que requer aprovação unânime. Orban, o líder da UE mais próximo da Rússia, está irritado com a decisão da Comissão Europeia de congelar o acesso do seu governo a alguns fundos do bloco.
O poder executivo da UE tomou tal atitude devido às preocupações sobre possíveis ameaças ao orçamento da UE representadas pelo retrocesso democrático na Hungria. Em resposta, a Hungria vetou declarações na UE sobre uma série de questões. Orban também exportou o problema para a Otan, bloqueando reuniões de alto nível com a Ucrânia até recentemente. Budapeste também está segurando a adesão da Suécia para entrar na aliança militar.
"Eu não quero usar a palavra chantagem, mas eu não sei qual outra palavra melhor" poderia caber, disse a primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, aos jornalistas ao chegar à sede da UE. "A Hungria precisa da Europa", ela disse, destacando os problemas econômicos do próprio país e as elevadas taxas de juros. "Ele deveria também olhar o que a Hungria representa para a Europa."
Tusk insistiu que não pode haver "nenhum espaço para compromisso com nossos princípios, como o estado de direito. E com certeza não há espaço para compromisso na questão da Ucrânia". O recém-eleito líder da Polônia acrescentou: "Se seu posicionamento irá dominar na Europa, então a Ucrânia com certeza irá perder".
O primeiro-ministro da Irlanda Leo Varadkar disse que era importante para os líderes tentarem selar um acordo apoiado pelos 27 membros, mas em qualquer caso, "nós não podemos partir sem um acordo". "Essa guerra já dura dois anos. A Ucrânia não será capaz de continuar se defendendo sem a ajuda da UE, e nós não podemos deixá-los desamparados", Varadkar disse à imprensa.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que "queremos terminar o que começamos em dezembro" e sublinhou os 50 bilhões planejados para a Ucrânia são "urgentemente necessários". "Eu farei um grande esforço, juntamente com muitos outros, para tornar possível uma decisão de 27 (Estados membros)", disse Scholz. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, deveria se dirigir aos líderes por meio de videoconferência.
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