O infarto é um problema apenas do coração?

O infarto é um problema apenas do coração? -


Quando ouvimos que alguém teve um infarto, de imediato pensamos no coração . Não só pensamos como também já ficamos com frio na barriga e ansiosos para saber como esta pessoa está. Não há como negar que o infarto por si só, como palavra e conceito, assusta e transmite uma sensação de morte.

Pensar no coração como órgão-alvo do infarto é absolutamente comum , aceitável e justificável. As estatísticas demonstram claramente que infarto do coração é frequente no nosso meio, sendo responsável por uma parcela considerável das mortes de causa cardiovascular.

No entanto, o infarto não acomete somente o coração e, mesmo que não tão frequente em outros órgãos, pode estar presente sim nos rins, pulmões e cérebro. A explicação para isto depende de nosso entendimento acerca do que seria um infarto.

Existem alguns processos ou eventos que podem acontecer em diversos órgãos e que podem causar prejuízos à função deste órgão. Uma inflamação, uma infecção, a formação de um abscesso( acúmulo de pus), o acúmulo de gordura no interior dos vasos sanguíneos e um infarto são exemplos corriqueiros destes eventos.

Um infarto, por definição, seria a morte de um grupo de células, ou seja, uma lesão irreversível em um determinado território de um órgão. O tamanho ou a extensão deste infarto ou desta lesão irreversível pode ser variável, desde áreas percentualmente pequenas até o comprometimento mais extenso. A causa principal para um infarto está relacionada a uma falta de fluxo sanguíneo ativo naquele território específico de um determinado órgão.

Partindo desta definição, fica mais fácil entendermos que um infarto não é uma ocorrência exclusiva do coração. Desta forma, existem alguns outros tipos de infarto que merecem uma breve explicação .

1. Infarto no cérebro 

Este tipo de lesão corresponde ao que conhecemos popularmente como derrame cerebral. Em outras palavras, uma pessoa que teve um derrame cerebral e ficou com algumas regiões do corpo sem movimentos adequados, teve, na verdade, um infarto cerebral. O cantor Arlindo Cruz foi vítima de um infarto cerebral e, até hoje, ele convive com restrições físicas. 

2. Infarto dos pulmões 

Recentemente a paulistana Stephanie , participante do programa MasterChef, declarou já ter tido cinco infartos do pulmão. Isto significa que, em cinco ocasiões diferentes, os vasos sanguíneos dos pulmões  apresentaram algum grau de entupimento. Em cada episódio, houve a morte de um certo território dos pulmões. No caso do infarto pulmonar, alguns fatores podem ser preditivos, como o tabagismo e efeitos colaterais dos anticoncepcionais. 

3. Infarto dos rins 

Na fase crítica da pandemia do COVID-19, surgiram relatos de pessoas com a infecção ativa do coronavírus, em associação com infarto nos rins. Na verdade, sabemos que esta infecção pelo coronavírus pode provocar uma tempestade inflamatória nos órgãos e, como resultado disto, o fluxo sanguíneo pode ficar reduzido em todos os órgãos, ocasionando várias áreas de infarto. Os rins possivelmente foram afetados pelo fato desta tempestade inflamatória causar tromboses, ou seja, acúmulo de coágulos nos vasos sanguíneos.

Quantos infartos um órgão pode suportar e ainda assim funcionar de forma satisfatória ? Certamente esta questão está passando pela cabeça de todos nós neste momento, principalmente quando consideramos que cada área infartada significa uma área que perdeu função de forma definitiva. Esta preocupação é também válida seja qual for o órgão em questão, especialmente coração e cérebro.

Não existe uma resposta-padrão para este questionamento, sendo difícil determinar se são 2, 3 ou 5 infartos que um órgão pode suportar e ainda trabalhar de forma adequada. O que podemos pontuar é que, sendo estes infartos áreas percentualmente pequenas, muitas vezes denominados de microinfartos, a possibilidade de manutenção da vitalidade global do órgão é maior, em comparação aos infartos mais extensos . Basta lembrar do conceito de infarto fulminante, o qual geralmente representa um área de infarto de maiores dimensões.

O mais importante é não ter o infarto e fazer de tudo para prevenir sua ocorrência, seja qual for o órgão afetado. Adotar medidas preventivas com base num estilo de vida saudável, abandonar os vícios , reduzir o estresse, fazer atividade física e ter a disciplina para procurar o médico e fazer os exames periódicos são estratégias de excelência para quem não pretende enfrentar as complicações de qualquer tipo de infarto.

Vida saudável não combina com infartos nem com microinfartos. O segredo é buscar a informação correta e efetivamente prevenir.

Siga o dr. Edmo Atique no Instagram.

Comentários