Qual a importância da febre para nossa saúde? Entenda melhor
Algumas manifestações clínicas atuam como verdadeiros sinais de alerta em relação a nossa saúde. Umas delas seria a febre, um sinal indicativo de algo errado que está acontecendo e apontando para necessidade de buscar orientação médica, visando interpretar adequadamente tudo o que pode estar ocorrendo em nosso corpo.
Nosso corpo produz calor de uma forma fisiológica e natural , a partir de alguns gatilhos, como nossa alimentação e também a prática de algum tipo de atividade física. Esta produção natural de calor denominamos de termogênese, a qual não pode ser confundida com a febre.
Vamos entender melhor - quando nos alimentamos no dia a dia, para fins de sobrevivência e de suporte para nosso metabolismo, estamos ingerindo nutrientes que, quando digeridos em nosso sistema digestivo, produzem energia e calor para nossas funções orgânicas. Quando praticamos alguma atividade física, induzimos uma ativação de nossa circulação sanguínea e maior velocidade das reações químicas orgânicas, gerando também calor.
No caso específico da febre, a temperatura do corpo atinge valores crescentes(geralmente acima de 37.4 graus) e muitas vezes proporcionais a magnitude do processo patológico que está acometendo nosso organismo. Tecnicamente a febre não é um sinal clínico derivado do consumo alimentar, nem de uma prática esportiva saudável. Existe uma estrutura em nosso cérebro que, quando estimulada por um agente patológico, determina a elevação da temperatura, exatamente como uma forma de mostrar que existe algo acontecendo que não é “normal “.
Outro aspecto muito importante e interessante sobre a febre é que temos a tendência de achar que , quando alguém está febril, necessariamente existe algum germe ( bactérias, vírus e fungos) em nosso corpo. Nem sempre isto acontece, porque um processo inflamatório, sem associação com germes, também é capaz de produzir febre. Querem ver um exemplo clássico de febre sem associação com germes - o câncer.
Alguns tipos de câncer, como os linfomas por exemplo, caracterizam -se por alguns sinais clínicos como a presença de nódulos em alguns pontos específicos do corpo e um quadro febril comumente mais perceptível no fim da tarde. Recentemente, o ex-jogador de futebol Caio Ribeiro declarou estar enfrentando uma luta contra um certo tipo de linfoma, o qual apresenta este comportamento febril.
Ao longo da vida, teremos de conviver com a febre , de tal forma que ela deve ser considerada como nossa aliada para instruir tanto a melhor precisão diagnóstica como o melhor direcionamento terapêutico. A febre pode se apresentar em situações corriqueiras como em alguns quadros mais complexos - vejam adiante :
Situação 1
A criança está em desenvolvimento e seus primeiros dentes começam a aparecer.
Situação 2
As crianças podem conviver com muitos episódios de infecção de garganta, devido a inflamação das amígdalas.
Situação 3
Você vai passar um feriado na praia e come algum alimento contaminado com germes como Salmonella. Começa a apresentar vários episódios de diarréia associados com febre.
Situação 4
Você vai jogar futebol com os amigos e, durante uma disputa de bola, recebe um chute muito forte. O local atingido começa a ficar avermelhado e inchado - você começa a apresentar episódios de febre.
Situação 5
Você está muito debilitado devido ao excesso de trabalho e estresse. Devido as mudanças climáticas, você fica gripado e começa a apresentar muita prostração e febre.
Situação 6
Retomando o caso do ex-jogador Caio Ribeiro. Um certo dia você sente a presença de um nódulo estranho em seu corpo. Este nódulo , popularmente conhecido como “íngua “ pode estar presente na região do pescoço, atrás da cabeça e nas virilhas. Associado ao nódulo, você nota um certo grau de prostração, inapetência e presença da chamada febre vespertina - presença de elevação da temperatura nos finais de tarde.
Situação 7
Você é uma pessoa que pratica atividade física com muita intensidade e transpira de forma profusa. No entanto, você não se preocupa com a questão da hidratação e cada vez mais perde água e sais minerais pela transpiração excessiva. Este quadro de desidratação pode causar febre.
Situação 8
Uma pessoa portadora de doenças que causam deficiência das defesas orgânicas, como a Aids ( síndrome da imunodeficiência adquirida), pode conviver com a queda acentuada de seus glóbulos brancos no sangue e episódios de febre.
Situação 9
Em tempos de pandemia, você se contamina com o coronavirus e, alguns dias depois, começa a apresentar sinais de pneumonia, insuficiência respiratória e febre. Lembrando que o coronavirus pode ser considerado como um agente patológico “novo “ e que ataca nossos pulmões incialmente, a febre sem dúvida seria uma condição de alerta para este diagnóstico.
Situação 10
Ainda sobre a pandemia, você vai se vacinar contra o coronavirus. Algumas horas após ter sido vacinado(a), você começa a sentir mal estar, prostração e febre.
Por fim, gostaria também de comentar sobre o conceito de “febre interna” . Embora seja um conceito mais popular, o que se chama de “febre interna “ seria a sensação de calor no corpo, com sintomas associados, sem que haja a confirmação desta febre pelo termômetro . Podemos dizer que a “febre interna” representaria a luta de nosso organismo contra algum agente inflamatório ou infeccioso, seria uma determinada etapa deste processo de luta, na qual a febre, do ponto de vista da mensuração no termômetro, não estaria estabelecida. Mas já existe um aumento da temperatura corpórea nitidamente perceptível por quem está apresentando este quadro.
Precisamos desmistificar que febre é indicativa de doença. A febre deve ser encarada como nossa aliada, ainda que sua presença corresponda ao insucesso de um tratamento previamente estabelecido. A febre deve ser vista como um parâmetro para avaliar melhor as hipóteses diagnósticas, o planejamento terapêutico e o prognóstico de muitos quadros.
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