Vitamina D e saúde cardiovascular : modismo ou realidade

Vitamina D e saúde cardiovascular : modismo ou realidade  -


Em meio a pandemia do coronavírus, ela se tornou protagonista de muitas discussões e debates. Ela foi endeusada e odiada. Por alguns momentos, ela foi apontada como a solução para algo invisível que estava e ainda está assolando a humanidade. Estou me referindo a vitamina D nesta breve apresentação.

As questões a que se pretende responder são  muito claras : a vitamina D realmente é importante para saúde cardiovascular? Será que a vitamina D seria mais um tema de modismo ou haveria argumentos para defender sua aplicabilidade clínica?

Para que as respostas destas questões sejam respaldadas em fundamentos científicos, vamos descrever o “currículo” da vitamina D, destacando seus principais atributos e funções:

-  desenvolvimento dos nossos ossos;
- participação no metabolismo do cálcio;
- ativação do sistema imunológico;
- ação anticancerígena;
- atividade hormonal regulando diversas funções orgânicas. 

Antes de estabelecer uma espécie de “sentença” quanto ao benefício ou não da vitamina D para a saúde cardiovascular, cabe mais um comentário de relevante contextualização . Quando se defende a vitamina D no cenário das doenças cardiovasculares, temos de enfatizar dois aspectos diferenciais: a vitamina D ser conceitualmente útil no combate das doenças cardiovasculares seria um ponto ; outra análise seria debater se teríamos de efetivamente suplementar a vitamina D para assim obter os benefícios cardiovasculares. Para melhorar a compreensão destes dois aspectos, quero colocar em discussão a seguinte polêmica : a vitamina D é benéfica para o coração e nossa alimentação diária supre esta demanda ou, por outro lado , considerando a ingestão irregular da vitamina D deveríamos suplementar regularmente?

Chega de tantas perguntas, vamos às respostas pois sei que a ansiedade até aumenta com tantas análises preliminares.

A vitamina D é, de forma direta ou indireta, fundamental para as funções cardiovasculares. A propriedade que a vitamina D tem de desempenhar as funções semelhantes a um hormônio, faz dela um importante aliado na regulação e controle de muitas reações orgânicas. Isto não significa que, sempre e de forma absoluta, a vitamina D necessite ser suplementada.

Alguns critérios podem ser utilizados para orientar melhor este processo de suplementação da vitamina D. Estes critérios, apresentados abaixo, são oriundos das análises feitas em estudos ( muitos ainda em andamento ou ainda necessitando de maior robustez) e também da experiência profissional dos especialistas:

- dosar a vitamina D no sangue e identificar valores baixos ;
- avaliar o padrão alimentar de uma pessoa ou comunidade e identificar que faltam alimentos
ricos em vitamina D (carnes, ovos e cogumelos);
- identificar sinais de imunidade comprometida , seja pelo desenvolvimento frequente de infecções ou câncer;
- identificar questões relacionados ao metabolismo do cálcio, ou seja, sinais de fraqueza óssea ;
- questões climáticas muito desfavoráveis, prejudicando a exposição adequada ao sol, uma vez que ativação da vitamina D depende do banho de sol. 
- pessoas obesas, hipertensas e diabéticas : alguns estudos, ainda que necessitem aprimorar a sua precisão, apontam para uma correlação negativa destes fatores de risco com os níveis sanguíneos da vitamina D, ou seja, quanto maior a intensidade destes fatores de risco, menores seriam os níveis da vitamina D no sangue.

Estes critérios acima, embora possam orientar e embasar a suplementação da vitamina D, em nenhum momento incorporam um caráter absoluto. O mais prudente sempre seria evitar tendências de modismo , aproximando as decisões das mais razoáveis constatações científicas. 

Retomando a discussão sobre a vitamina D e seu papel protetor contra as doenças cardiovasculares, vale destacar que , mais importante que a dosagem de vitamina D na suplementação, seria saber individualizar o caso, definindo, de forma ampla, as orientações acerca das fontes alimentares de vitamina D e da relevância de uma regrada exposição solar. 

Acerca da saúde cardiovascular e os benefícios da vitamina D, vou finalizar com três  perguntas e respostas que frequentemente causam dúvidas nas pessoas :

1) A vitamina D pode ser suplementada para qualquer faixa etária?

Sim, pode-se suplementar para todas as idades, sempre individualizando a dosagem e a duração do tratamento, recorrendo continuamente aos critérios acima descritos para continuar ou interromper a suplementação.

2) Quantas vezes por ano devo dosar a vitamina D no sangue?

Em geral, duas vezes por ano - uma vez por semestre- pode ser interessante para prevenir eventual deficiência desta vitamina. Lembrando, também, que há pessoas com maior propensão a níveis baixos de vitamina D e, nestas pessoas, a dosagem no sangue deveria ser feita mais vezes.

3) Se eu tomar suplemento de vitamina D, mesmo assim devo priorizar o banho de sol?

Sim , pois o sol tem a função nobre de promover ativação da vitamina D, facultando absorção da mesma em nosso organismo. A vitamina D atua como um hormônio e precisa ser ativada com auxílio dos raios solares. 

A vitamina D, tendo em vista suas propriedades e atributos, é uma  maravilha da natureza e deve ser empregada como aliada no fortalecimento de nosso sistema imunológico e na prevenção e combate às doenças em geral, como as doenças cardiovasculares. A vitamina D não é o tratamento em si para doenças cardiovasculares e por isto não deve ser motivo de modismo. A melhor dosagem da vitamina D para suplementação depende da adoção de critérios claros e da individualização de cada caso. Nem sempre será necessário suplementar a vitamina D, mas deixar de lado seu papel como um verdadeiro hormônio e sua capacidade de auxiliar na regulação das reações orgânicas, seria como estar diante de uma ameaça e não usar todos os recursos disponíveis. Muito importante interagir com seu médico e identificar qual a sua situação e se o seu caso abarca critérios objetivos para adequada suplementação da vitamina D, principalmente pensando na proteção cardiovascular. Saiba mais no site

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