Bispo emérito de Catanduva é investigado por suspeita de estupro contra padre

Vítima de 31 anos diz que não se conforma com a reação da Igreja e procurou a Justiça para se defender

Bispo emérito de Catanduva é investigado por suspeita de estupro contra padre  - Reprodução/ arquivo pessoal

 

A Polícia Civil investiga o bispo emérito de Catanduva (SP), dom Valdir Mamede, por suspeita de estupro e importunação sexual contra um padre da Diocese.



A vítima de 31 anos conversou com o sbtinterior.com e contou o que passou durante dois anos de ameaças e sofrimento. Segundo a denúncia, além de líder espiritual, o abusador também era seu superior hierárquico, o que deixava o padre em posição frágil para se defender. Ele disse que foram muitas as situações em que o então bispo da Diocese de Catanduva abusou sexualmente dele, na condição de subordinado.

Para evitar encontrar Mamede, a vítima parou de dar aulas no Seminário e disse que tudo o que viveu trouxe sérias consequências para sua saúde emocional. O padre, que chegou a atentar contra a própria vida, vive à base de remédios e tratamento psiquiátrico; ele não sabe se, de fato, vai superar tudo o que viveu.

Ele contou ainda, que alguns seminaristas o procuraram, denunciando que também sofriam abusos sexuais por parte do bispo. O padre juntou todas as provas que pôde, inclusive amostras de sêmen do bispo emérito, e procurou a Igreja. Com a pressão e repercussão na imprensa, o suspeito renunciou ao cargo, mas manteve salário e benefícios.

Frustrado com a atuação da igreja, a vítima procurou a Polícia e fez uma denúncia de estupro e importunação sexual contra o bispo, e espera agora que a Justiça comum seja mais efetiva.

"Quero que o Papa saiba o que anda ocorrendo no Brasil, pois não é isso que a Igreja prega, ao contrário, o Papa tem escrito que essas coisas devem ser combatidas a todo custo", desabafou. 

O inquérito já foi instaurado.

Com a palavra, a Diocese de Catanduva:

A Diocese de Catanduva informa que a orientação do Papa Francisco é para que, diante de infrações penais cometidas por membros da Igreja Católica em caráter individual, as autoridades competentes devem ser acionadas para tomar as providências cabíveis.

(Reportagem de Melissa Alcântara)