Brasil usará uniforme preto pela primeira vez na história em ato contra racismo

Iniciativa faz parte de ações da CBF contra discriminação racial, evidenciada no futebol em casos recentes na Espanha e América do Sul

Brasil usará uniforme preto pela primeira vez na história em ato contra racismo - Lucas Figueiredo/CBF


A tradicional camiseta amarela da seleção brasileira será substituída por uma de cor preta durante o primeiro tempo do amistoso contra Guiné, nesta sábado, às 16h30, no estádio Cornellà-El Prat, em Barcelona, na Espanha. A iniciativa faz parte de ações da CBF contra o racismo, evidenciado no esporte em casos recentes no próprio território espanhol e na América do Sul. 


Antes da entrevista coletiva de Ederson e Marquinhos na quinta-feira, o atacante Vinícius Júnior, que sofreu racismo por diversas vezes enquanto defendeu as cores do Real Madrid na última temporada europeia, solicitou o espaço para um pronunciamento e reafirmou a luta pela pauta. 

"Venho agradecer a todos que estiveram comigo desde o episódio que aconteceu no último jogo contra o Valencia, o presidente (Ednaldo Rodrigues), junto com a CBF, o Infantino (presidente da Fifa), que esteve hoje junto com a gente, sempre dando a maior força. Todos os clubes do Brasil, as pessoas do Brasil e do mundo inteiro que estão comigo me dando força para eu seguir nessa batalha. Era necessário ter alguém para seguir firme e cada vez mais diminuir (o racismo). Eu quero seguir pelos jovens e todas as pessoas que sofrem não têm a mesma voz que eu", disse Vini. 

m 109 anos de história, esta será a primeira vez em que a seleção brasileira jogará com uniforme preto. A Canarinho já utilizou o branco, o azul e o amarelo como cores oficiais. O tradicional uniforme da seleção, com camisa amarela e calções azuis, foi adotado a partir de 1952, há 71 anos.

Para o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que é o primeiro negro e nordestino no comando da entidade, o futebol pode transforma a sociedade e exalta o respeito entre as pessoas. 

"Somos a única federação de futebol do mundo que criou um dispositivo que prevê a perda de pontos por causa de atos de racismo. Isso está no texto do Registro Geral de Competições da CBF", afirmou. 

Muito além da Europa, jogos da última rodada da fase de grupos da Libertadores e da Sul-Americana reforçaram que a intolerância racial também acontece na América do Sul. Torcedores do Newell's Old Boys, da Argentina, imitaram macacos e mostraram fotos de bananas em direção à torcida do Santos, enquanto outros torcedores do River Plate, também da Argentina, imitaram o animal em direção a ônibus de torcedores do Fluminense.