Franco da Rocha, na Grande SP, quer ser a ‘nova Faria Lima’ dos galpões

Muito próxima do principal mercado consumidor do País, a cidade é alvo das empresas de comércio online, que brigam pelas entregas rápidas

Franco da Rocha, na Grande SP, quer ser a ‘nova Faria Lima’ dos galpões - Divulgação/ Prefeitura de Franco da Rocha


O município paulista de Franco da Rocha começa a despontar como um novo polo de condomínios de galpões logísticos nos próximos anos. A 40 quilômetros da capital, o principal diferencial da cidade na atração de investimentos é a localização. Muito próxima do principal mercado consumidor do País, a cidade é alvo das empresas de comércio online, que brigam pelas entregas rápidas.


Esse é o mesmo diferencial que fez da vizinha Cajamar ser conhecida como a "Faria Lima dos galpões." Sozinha, Cajamar tinha no final do ano passado 2,6 milhões de metros quadrados (m²) de galpões. Foi a praça onde os condomínios mais avançaram nos últimos anos. Cajamar reúne mais de 10% dos condomínios do País (23,9 milhões de m²) e supera Minas (2,5 milhões m²), o segundo maior Estado, atrás de São Paulo (12,7 milhões m²).

"Com solo rochoso, o que dificulta o aproveitamento das áreas, e poucos acessos viários, Cajamar ficou limitada às expansões", afirma Simone Santos, CEO da SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios.

A diretora de pesquisa da consultoria Newmark, Mariana Hanania, diz que o crescimento rápido de empreendimentos em Cajamar levou ao esgotamento dos terrenos mais atrativos. Para o sócio-diretor da consultoria imobiliária Binswanger Brazil, Nilton Molina Neto, os terrenos que sobraram em Cajamar são caros, têm problemas de geologia ou estão em área de preservação. "É natural a expansão para Franco da Rocha."

O desenvolvimento das vizinhas Franco da Rocha e Cajamar nos galpões, lembra, na visão de Simone, o movimento que ocorre entre a avenida Faria Lima, um dos endereços mais prestigiados em escritórios, e o vizinho Largo da Batata. "Franco da Rocha é o Largo da Batata da Faria Lima." No município, assim como no Largo da Batata, há áreas disponíveis e os grandes empreendedores estão indo para lá.

Até o final de 2022, só 4,7% do estoque de condomínios da região de Cajamar, que engloba Franco da Rocha, estavam em Franco da Rocha. Para este ano, aponta a SDS, dos 556 mil m² de novos galpões para a região de Cajamar, Franco da Rocha ficará com 40% Em 2024, de 550 mil m² de novos condomínios, Franco da Rocha terá mais de 80% e Cajamar 20%.

A construtora WTorre foi a primeira a erguer condomínio logístico em Franco da Rocha. Luiz Felippe Urzedo Delmazo, diretor de incorporação, diz que comprou o terreno em Franco da Rocha em 2019. Iniciou e concluiu a construção de um condomínio logístico com 122 mil m² em 2021, com investimentos de mais de R$ 350 milhões. O condomínio está 100% locado, a maior parte para o Mercado Livre.

"Temos uma expansão em Franco da Rocha de mais 330 mil m² programada", conta. O projeto, orçado em mais de R$ 1 bilhão, está em fase de aprovação. Delmazo diz que a empresa avalia a possibilidade de adquirir novas áreas na região de Cajamar, sobretudo em Franco da Rocha. "Vai haver um crescimento importante ali, do ponto de vista logístico e de infraestrutura "

A GLP, uma das maiores desenvolvedoras de galpões do mundo e líder no Brasil, comprou uma área de mais de 1,6 milhão de m² no município, onde planeja erguer um condomínio de 360 mil m². "Estamos terminando a terraplenagem", diz Ricardo Antonelli, vice-presidente sênior da companhia.

Cidade dormitório

A atração dos investimentos para Franco da Rocha foi fomentada por um projeto do governo local para gerar empregos. Isso fez com que a população permanecesse mais em Franco da Rocha, deixando para trás o estigma de cidade dormitório.

Alexandre Chaves, secretário da Fazenda do município, diz que as mudanças incluem desde elaboração de um Plano Diretor da cidade, isenção de imposto predial, além da desburocratização dos processos.

Também foi criado um laboratório que faz parcerias com institutos para formar trabalhadores em logística, um ponto crítico na região.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.