Fundadora da Unoeste morre em Prudente aos 92 anos

Dona Ana, como era conhecida, criou a instituição junto com Agripino de Oliveira Lima e a fizeram uma das mais importantes do Brasil

Fundadora da Unoeste morre em Prudente aos 92 anos - Arquivo/MKT Unoeste


A gestora e educadora Ana Cardoso Maia de Oliveira Lima morreu nesta quinta-feira (10), em Presidente Prudente, aos 92 anos.


Dona Ana, como era conhecida, foi a idealizadora da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), a maior instituição educacional de ensino superior do oeste paulista ao lado do ex-prefeito Agripino de Oliveira Lima, e deixa como principal legado a formação de mais de 120 mil profissionais em 50 anos de história da instituição.

Dona Ana faleceu em casa por volta das 6h, em Presidente Prudente, cidade onde vivia desde 1962; portanto, há 60 anos.

O velório será das 14h às 22h no Palácio de Esportes (Ginásio de Esportes do campus 1 da Unoeste) e, posteriormente, as homenagens póstumas seguem para o campus 3, onde deve ser sepultada junto com o professor Agripino de Oliveira Lima Filho nesta sexta-feira (11).

Em razão do falecimento de Dona Ana, a Unoeste decretou luto oficial de dois dias, com suspensão das atividades administrativas e acadêmicas hoje (10) e amanhã (11) nos campi de Prudente, Jaú e Guarujá. A Prefeitura de Prudente também decretou luto oficial, mas de três dias.

INSPIRAÇÃO

Em sua rica trajetória, sempre a serviço da educação, foi professora primária em escolas rurais e urbanas por mais de dez anos, de 1951 a 1963. Daí em diante e durante 17 anos foi diretora de escolas estaduais em Indiana, no bairro Sete Copas; e em Prudente, nos jardins Planalto e Paulista; até se aposentar. Nos oito primeiros anos da Associação Prudentina de Educação e Cultura (Apec) manteve dupla jornada: no estado e na iniciativa privada.

SONHO MATERIALIZADO

A Apec foi criada em 1972, como materialização do sonho do casal de professores Agripino de Oliveira Lima Filho (31/08/1931- 07/03/2018) e Dona Ana que exerceu inicialmente a função de secretária geral. Em 1987, com o reconhecimento do Ministério da Educação, surgia oficialmente a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) como resultado do ensino de qualidade e da excelente estrutura da Apec, capaz de dar sustentação ao mais alto nível na escala de classificação da educação superior, que é o título de universidade.

Na Unoeste, que tem como mantenedora a Apec, Dona Ana ocupou os cargos de pró-reitora acadêmica e de reitora, se afastando em 2015 durante o processo de sucessão da gestão assumida por filhos e netos. Na construção de uma das dez melhores universidades particulares do Brasil, seu papel foi extremamente fundamental. Em metáfora, foi o cordão resistente e maleável de um colar de pérolas, cujas pedras preciosas são representadas em cada núcleo de ensino, pesquisa e extensão.

Dona Ana era mulher sábia, de decisões acertadas. Mantinha liderança dentro e fora da instituição, ainda que discretamente. Na única vez em que colocou seu nome em apreciação popular, foi eleita vereadora com 5,5 mil votos, a mais votada em 2000. Por mais de uma vez foi chamada para ser candidata a prefeita, mas não quis.

Natural de Gália, na região de Bauru, que fica no centro-oeste paulista, nasceu em 13 de março de 1930. Era a do meio de 5 irmãos; sendo que o pai Joaquim Cardoso Maia era neto de portugueses e a mãe Felícia Bertoldi Maia imigrante italiana. Os filhos foram criados com recursos da leiteria em sítio arrendado ou na atuação como administrador de fazenda. Aos oito anos de idade, a menina Ana já trabalhava, na entrega de leite. Fez o primário em Gália. Estudou o ginasial e o normal em Guaratinguetá.

INÍCIO E EDUCAÇÃO

Em 22 de dezembro de 1950 formou-se professora. No dia 17 de fevereiro do ano seguinte iniciou sua carreira em escola rural, distante 4 km da fazenda que seu pai administrava. Ia a cavalo e precisava de companhia para atravessar a mata, diante da possibilidade de ataque de algum animal feroz. Em 1951 casou-se com Agripino que ainda estudava para ser professor e trabalhava no armazém de sua família em Garça, na região de Marília.

Através de concurso público, em 1957, Agripino assumiu o cargo de diretor de escola rural na Vila Escócia, em Martinópolis. Lá ficou dois anos e só ia para casa nos finais de semana. Em Garça nasceram três dos quatro filhos: Augusto Cesar, Ana Cristina e Maria Regina. O caçula Paulo César, 13 netos e seis bisnetos nasceram em Prudente, onde a família chegou em 15 de janeiro de 1962, depois de dois anos em Alfredo Marcondes. Dona Ana dizia que nasceu professora e iria morrer professora, pelo amor e pela missão de ajudar na transformação de vida de pessoas por meio da educação.