Governo de SP quer ampliar malha ferroviária em 890 quilômetros

Para construir os cerca de 890 km em novos trilhos, o investimento previsto é de R$ 130 bilhões apenas entre os nove projetos já inclusos no Programa de Parceria de Investimentos (PPI)

Governo de SP quer ampliar malha ferroviária em 890 quilômetros - Reprodução


O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinará na quarta-feira (29/5) o contrato de concessão para a construção do Trem Intercidades Eixo Norte, que ligará São Paulo a Campinas. O governador afirmou que aproveitará a ocasião para lançar o programa São Paulo nos Trilhos, iniciativa que engloba 13 projetos entre linhas de trem e de metrô, totalizando mais 890 quilômetros na rede estadual.


Tarcísio será um dos palestrantes do Summit Mobilidade Estadão, que acontece amanhã, das 8h às 19h, na Casa das Caldeiras, em São Paulo. "Estamos montando uma carteira de longo prazo", afirma o governador. Os projetos envolvem investimentos públicos e privados.

Para construir os cerca de 890 km em novos trilhos, o investimento previsto é de R$ 130 bilhões apenas entre os nove projetos já inclusos no Programa de Parceria de Investimentos (PPI). Além deles, estão em estudo três trens intercidades: São José dos Campos-Taubaté, Sorocaba-Campinas-Ribeirão Preto e Campinas-Araraquara, além da Linha 22-Marrom do Metrô, ligando São Paulo a Osasco e Cotia. A seguir, trechos da entrevista com o governador.

Como será o programa São Paulo nos Trilhos?

A gente vai lançar no dia 29 de maio. Nesse dia, a gente vai assinar o contrato do Trem Intercidades Eixo Norte, que é o Campinas-São Paulo. A gente chegou ao final do processo agora, vamos assinar o contrato de concessão e vamos aproveitar e lançar o programa São Paulo nos Trilhos. Já temos nove projetos de mobilidade urbana qualificados no nosso Programa de Parceria de Investimentos (PPI). E tem mais quatro que estão em avaliação Então são 13 projetos.

Há algum prazo para esses quatro projetos que estão em avaliação serem submetidos ao PPI?

A gente vai continuar estudando. A gente está montando uma carteira de longo prazo, raciocinando para o futuro. Vamos começar pelas obras em execução. Tenho a Linha 6 do Metrô, a Linha Laranja. A previsão é que essa linha comece a operar em 2026, pelo menos da Brasilândia até a estação Sesc Pompeia. Ela vai estar completamente concluída em 2027. A outra obra em andamento é da Linha 2 do metrô no trecho Vila Prudente-Penha. Já demos a ordem de serviço para o projeto executivo e a nossa ideia é iniciar a obra a partir do ano que vem do trecho Penha até Dutra. Essa é a próxima "perna". Se eu somar essas obras que já estão em andamento, estou falando de investimentos de R$ 31 bilhões: R$ 18 bilhões da Linha 6 e mais R$ 13 bilhões da Linha 2. Isso é obra em andamento. Temos o leilão do Trem Intercidades Eixo Norte Campinas-São Paulo, R$ 14,2 bilhões de investimento, sendo que R$ 8,5 bilhões de contrapartida do Estado. Temos os projetos que estão bem adiantados e prontos para ir à consulta pública: Linhas 11, 12 e 13 da CPTM. Temos também o Trem Intercidades Eixo Oeste, de Sorocaba a São Paulo. É um projeto que está bastante adiantado e que vai se conectar à Linha 8 da CPTM. As Linhas 11, 12 e 13 devem ir para consulta pública em breve.

Ainda neste ano?

Sim. O leilão vai acontecer ou no final deste ano ou no início do ano que vem. A questão de definição de data de leilão é sempre conversada com o mercado. O mercado precisa se preparar. São obras de grande porte e que demandarão muito investimento. Obviamente, existe a contrapartida do Estado.

E os demais projetos?

Temos um estudo que está bem adiantado também para as Linhas 10 e 14 da CPTM. A Linha 10, que já existe e chega no ABC, e a Linha 14 que é uma aposta. Seria uma linha, a primeira do gênero, que vai cruzar a cidade de São Paulo e ligar o ABC a Guarulhos. Ela cruza toda a zona leste da capital fazendo a interconexão com as linhas da CPTM que estão operando. Estamos estudando as concessões das Linhas 1, 2, 3 e 15 do metrô. A ideia é de que a gente faça a concessão agregando uma linha existente com a construção de uma linha nova. A linha existente, em operação, gera receita e a gente impõe a construção de uma linha nova. Essas linhas serão conjugadas com as Linhas 19, 20 e a Linha 16. A Linha 16 vai chegar à zona leste de São Paulo, a Linha 19 vai ligar o Anhangabaú a Guarulhos e a Linha 20 ligará o Centro de São Paulo ao ABC. A gente deve começar, inclusive, a construção dessa linha pelo ABC, a partir de Santo André.

Há uma demanda muito forte da população da região metropolitana por metrô. Quais são os planos nesse sentido?

A gente tem duas extensões de metrô previstas para iniciar a obra no ano que vem: a extensão da Linha 4, que vai sair da Vila Sônia até Taboão, com isso a gente alcança uma cidade da região metropolitana. A gente aprova o projeto neste ano. A ideia é de que em 2029 já esteja operando. E também a extensão da Linha 5, ainda dentro da cidade de São Paulo, para chegar até o Jardim Ângela. O projeto executivo está em andamento, fica pronto no final do ano e a ideia é de que a gente inicie a obra no ano que vem também começando a operar em 2029. Outra extensão é na Linha 6. Vamos aproveitar que ela já está mobilizada e vamos tentar estender o contrato para que a gente possa chegar no Eixo Norte, agregar mais duas estações para chegar a Campinas. A gente vai alcançar passageiros mais da zona norte, que estão mais isolados em termos de transporte sobre trilhos. E também mais quatro estações na direção sul, a partir da estação São Joaquim até chegar na Mooca. É isso que está planejado. Estamos falando de mais de 890 quilômetros de trilhos, tanto de metrô quanto de trem, que serão inseridos na rede.

São muitos projetos envolvendo tanto aportes do Estado quanto da iniciativa privada. O mercado consegue absorvê-los?

Consegue. Preciso, primeiro, distribuir isso no tempo. Obviamente, se eu chegasse agora e resolvesse fazer cinco leilões de transporte metroferroviário no ano que vem não terá player (empresa) para tudo. Eu tenho de dosar: consigo fazer dois, três leilões por ano. Não consigo fazer mais do que isso porque vai faltar capacidade no mercado.