Haddad diz à imprensa estrangeira que Bolsonaro isola País e estimula violência

Petista é líder nas pesquisas ao governo de SP, mas corre o risco de ver adversários crescerem no segundo turno - sobretudo Rodrigo Garcia

Haddad diz à imprensa estrangeira que Bolsonaro isola País e estimula violência -


Candidato ao governo do Estado de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou, em uma entrevista coletiva concedida à imprensa estrangeira neste sábado que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou o País isolado no exterior e que tem fomentado a violência.


Líder nas pesquisas, mas sob o risco de ver adversários crescerem no segundo turno - em especial, Rodrigo Garcia (PSDB), caso o bolsonarismo fique órfão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) -, o petista também reforçou a aliança com Geraldo Alckmin e o endosso do ex-governador a seu plano de governo.

A conversa com jornalistas, que mais abordou o cenário político nacional e até mesmo questões de economia e diplomacia do que as eleições ao Palácio dos Bandeirantes, antecedeu uma caminhada de petistas na região da Avenida Paulista a favor da candidatura do ex-presidente Lula.

Questionado sobre episódios de violência às vésperas das eleições, Haddad disse que "tudo que Bolsonaro quer é um incidente, ele precisa de um incidente violento". "E nós não podemos oferecer isso pra ele", continuou o ex-prefeito, pregando que eleitores não respondam a provocações. "Eu acredito que desde a redemocratização do País não tínhamos nenhuma força política que pregasse a violência. Isso nunca aconteceu."

O ex-prefeito ainda afirmou que o Brasil "é um país hoje cuja opinião não é sequer conhecida e muito menos valorizada". "É um governo errático do ponto de vista das relações exteriores, que se isolou da América do Sul, da Europa e dos Estados Unidos após a vitória do Biden até agora. Não fez uma aliança com os americanos, fez com o presidente americano (Donald Trump), o que é uma excrescência do ponto de vista estratégico."

"Você não faz aliança tática com o presidente sem pensar em estratégia. Tá isolado dos Brics; China, Índia, Rússia e África do Sul se perderam no mapa do Brasil, não estão no radar do governo. Oriente Médio, África, regiões que perdemos muito comércio. Com quem o Brasil senta à mesa hoje?", disse.

Apesar de ser candidato ao governo do Estado, Haddad é visto por petistas próximos do ex-presidente Lula como um potencial ministeriável no governo federal caso o PT volte ao Planalto e os planos para o governo de São Paulo sejam frustrados. Durante a pré-campanha, o petista publicou, ao lado do ex-banqueiro Gabriel Galípolo, aliado de Lula no mercado financeiro, um artigo no qual defendia uma moeda comum na América Latina.

A ideia não entrou no programa de governo protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Eu acho que Lula gostou porque ele gosta de mim, e mesmo que ele não goste das coisas que eu falo ele fala que gostou", disse, aos risos, o candidato.

Sobre as eleições ao Palácio dos Bandeirantes, Haddad lidera as pesquisas, mas sua campanha corre o risco de uma união entre os eleitores de Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em um eventual segundo turno. O petista conta com a imagem das gestões do ex-tucano Alckmin (PSB), agora vice de Lula na chapa presidencial, para atrair um voto mais conservador, especialmente no interior do Estado.

"Alckmin ganhou três eleições. Duas como vice e uma como titular E deu aval ao que a gente está apresentando. Foi construído junto com o PSB. Nossa plataforma dialoga com todos os segmentos da sociedade paulista, mesmo com os mais tradicionais, a gente dialoga", disse.