Milei envia carta para Lula convidando para posse

Presidente eleito da Argentina muda o tom e diz que gostaria da presença do brasileiro quando assumir o poder, em 10 de dezembro

Milei envia carta para Lula convidando para posse - Reprodução


Uma semana após ter sido eleito presidente da Argentina, Javier Milei parece ter moderado o discurso. Durante a campanha, o argentino chamou o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de corrupto e comunista e desdenhou do Mercosul.


No entanto, neste domingo (26), a deputada argentina eleita Diana Mondino, escolhida por Milei como futura chanceler, esteve em Brasília e se reuniu com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira. 

Mondino entregou a Vieira pessoalmente um convite assinado por Milei para que Lula compareça à posse do argentino no dia 10 de dezembro.

Além disso, segundo o Itamaraty, Mondino e Vieira também discutiram aspectos da relação bilateral e do atual estágio das negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia. A reunião foi acompanhada pelos embaixadores do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, e da Argentina em Brasília, Daniel Scioli.

Apesar da cordialidade de Mondino, ainda não está confirmado que Lula viajará a Buenos Aires para a posse de Milei. Segundo interlocutores, um dos obstáculos seria a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, que estará na capital argentina acompanhado de uma delegação que inclui seus filhos Flávio e Eduardo e sua esposa, Michelle.

Mudança de tom

A vitória do candidato populista de direita para presidência da Argentina levantou dúvidas em relação ao futuro das relações diplomáticas e econômicas com o Brasil devido à postura do candidato ao longo da campanha. 

Milei defendeu a saída da Argentina do Mercosul, mas depois recuou e passou a pedir apenas mudanças no bloco econômico, que reúne também Uruguai, Brasil e Paraguai. 

Durante a campanha, Milei também disse que seu país não faria mais negócios com o Brasil, nem com a China, dois dos principais parceiros comerciais da Argentina.

No entanto, no decorrer da semana, Milei já baixou o tom de várias de suas declarações – o presidente não tem maioria absoluta no Congresso e, segundo observadores, precisa maneirar o discurso se quiser aprovar projetos.

Um exemplo da mudança de tom foi a relação com o papa Francisco, a quem chegou a acusar de estar ligado a "ditaduras sangrentas".

Esta semana, Milei conversou por telefone com Francisco e convidou o pontífice a visitar a Argentina como chefe de Estado do Vaticano e líder da Igreja Católica.