Nobel de Literatura vai para francesa Annie Ernaux

Com mais de 20 livros publicados, escritora de 82 anos é conhecida por romances autobiográficos e livros de memórias e tematiza experiências de classe e gênero.

Nobel de Literatura vai para francesa Annie Ernaux - EPA/EFE


O Prêmio Nobel de Literatura de 2022 foi atribuído à escritora francesa Annie Ernaux, de 82 anos, anunciou nesta quinta-feira (06/10) a Academia Sueca.


Ela recebeu o prêmio pela "coragem e acuidade clínica com que revela as raízes, estranhamentos e inibições coletivas da memória pessoal", afirmou a Academia.

Ernaux é conhecida por seus romances autobiográficos e livros de memórias, em geral bastante curtos e baseados em experiências de classe e gênero. Ela é autora de mais de 20 livros.

Em sua obra, a escritora mistura acontecimentos históricos com experiências pessoais e já abordou temas como a ascensão social de seus pais, o próprio casamento, a sexualidade e relações amorosas, um aborto, a doença de Alzheimer da própria mãe e a morte da mãe.

Ernaux afirmou que ser escolhida é uma grande honra e responsabilidade. A França é o país que mais recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, com 16 laureados.

Polêmicas do Nobel de Literatura

Em 2021, o Nobel de Literatura foi entregue ao escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah, cujos romances exploram o impacto da migração em indivíduos e sociedades. Ele foi apenas o sexto premiado com raízes africanas – o Nobel foi frequentemente criticado por priorizar autores europeus e americanos, além de ter sido entregue a mais homens, com apenas 16 mulheres entre os 118 premiados.

Tanto o prêmio do ano passado quanto o de 2020, entregue à poeta americana Louise Glück, se seguiram a anos de controvérsia e escândalos envolvendo o Nobel de Literatura.

Em 2018, a entrega foi adiada após alegações de um escândalo sexual no âmbito do movimento #MeToo terem abalado os 18 membros da Academia Sueca, que organiza o Nobel de literatura, causando êxodo de vários de seus membros.

A organização superou o período, mas voltou a ser criticada em 2019 por entregar o Nobel de Literatura ao romancista austríaco Peter Handke, envolvido em controvérsias por ter sido acusado de apologia a crimes de guerra na Sérvia.