Opinião: Datena e a política de Polichinelo

Opinião: Datena e a política de Polichinelo - Reprodução/TV Band


“Hoje, não! Hoje, não! Hoje, sim! Hoje, sim!”. O narrador esportivo Cléber Machado que me perdoe, mas vou me apropriar do momento icônico de uma transmissão de Fórmula 1 na voz dele para falar de política. Ao invés de um piloto, aqui, o protagonista é o apresentador de TV e “ex-quase político que nunca foi”, José Luiz Datena.


Na tarde desta quinta-feira (30), o líder nas pesquisas para o Senado por São Paulo [pelo PSC] decidiu confirmar que não trocaria o salário anual milionário para se dedicar ao Congresso. Se engana quem pensa que isso é uma novidade. A novidade seria se ele tivesse mantido a promessa de se candidatar de fato. 

Essa foi a 4ª vez que armou o circo e na hora do espetáculo, deu uma banana para o público, o eleitorado e a classe política. Em 2016, iria se candidatar a prefeitura de São Paulo. Desistiu! Dois anos depois, a disputa seria ao Senado. Desistiu! Em 2020, seria candidato a vice-prefeito na chapa do PSDB com Bruno Covas. Desistiu novamente. 

Esqueçam. A verdade é que Datena não quer saber de política. Nunca quis. A impressão que dá é que o apresentador famoso quer medir o ‘ibope pessoal’. Quer ser cortejado pelos ‘politicões’ que adoram um perfil de ‘puxador de votos’ para ser candidato. 

Datena tem uma história de sucesso na TV brasileira. Gostando ou não do estilo dele é preciso concordar que ele tem respeito no mercado de mídia. Tem audiência, tem respeito do público que consome programas policialescos e tem prestígio entre grupos políticos.

O problema maior é que essa postura de se apresentar como pré-candidato e, aos 48 do segundo tempo, tirar o corpo fora soa como um gesto de desrespeito para todos. Por mais que ele defenda o estado democrático de direito, parece zombar da cara do processo eleitoral brasileiro. 

Datena não quer saber de política. Ele nunca quis! Se conformem com isso.