Pesquisa mostra que 60% dos estudantes brasileiros têm pavor de falar em público

De tremores a crises de ansiedade: entenda os sintomas e as raízes da glossofobia nos estudantes brasileiros

 Pesquisa mostra que 60% dos estudantes brasileiros têm pavor de falar em público - Imagem Ilustrativa


Segundo um estudo elaborado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), 60% dos estudantes brasileiros sofrem com o pavor de falar em público. A pesquisa identificou que tremores, suor ou esfriamento das mãos, enrubescimento da face, aceleração dos batimentos cardíacos e da frequência respiratória são os principais sintomas da ansiedade que caracteriza a glossofobia, nome científico do medo.


O temor de falar em público é mais forte que o medo da própria morte para 41% dos ingleses, segundo uma pesquisa realizada pelo jornal Sunday Times com três mil participantes no Reino Unido, em 2015. De acordo com o fonoaudiólogo Simon Wajntraub, uma das causas disso é a forma como os nossos pais nos criam. Por exemplo, se a criança dorme por muito tempo na cama dos pais, ela se torna um adulto dependente. “Muitas pessoas que atendi viveram isso na infância e eram tímidas. Se a criança vai para a creche desde muito pequena, ela tem mais chances de ser menos tímida. Pessoas que vivenciaram, na infância, episódios de violência doméstica também podem se tornar mais retraídas pelos traumas que viveram”, explica.

Pessoas que trabalham com informática ou em escritórios precisam treinar mais a fala em público do que aquelas que lidam diretamente com o público, como atores e palestrantes. O tímido fala para dentro, a voz é fraca e um pouco infantilizada. Existem, inclusive, pessoas que recorrem ao álcool para se soltar mais quando vão falar em público. Segundo Simon, a primeira dica é evitar cometer determinados erros com os filhos: incentivar a independência das crianças e cuidar para que episódios de violência não ocorram em casa. As escolas também podem estimular apresentações de peças de teatro e trabalhos que precisam ser apresentados diante da turma.

Há casos de pessoas que estudaram muito, fizeram faculdade, mestrado, doutorado, e ainda assim não conseguem se sair bem em uma entrevista de emprego por serem muito tímidas. Isso pode acontecer porque o cérebro da pessoa já está condicionado a pensar que não conseguirá falar em público. É preciso ter mais autoconfiança, saber que você é capaz e demonstrar mais segurança, falando com “a voz para fora”, como dizem. Automaticamente, você chamará a atenção das pessoas e elas prestarão atenção no que você tem a dizer, ressalta.

Hoje em dia, com a Internet, muitas pessoas desejam produzir conteúdo sobre seus produtos, mas sentem vergonha de postar vídeos. “Temos que ter em mente que o mundo mudou. A pessoa pode até ser qualificada, mas precisa saber se comunicar. É necessário mais estímulo à comunicação. Dentro de casa, o ambiente tem que ser de diálogo: pergunte aos filhos como foi o dia deles, conte sobre o seu dia para eles. Ouça as opiniões das pessoas sobre as coisas, exponha a sua. Converse com amigos, com a família, saia para conversar com pessoas”, finaliza Simon.