Um dos jornais mais antigos do mundo deixará de ser impresso

Após 320 anos de história, edição em papel do austríaco "Wiener Zeitung" será descontinuada. Decisão tomada pelo Parlamento da Áustria foi alvo de protestos

Um dos jornais mais antigos do mundo deixará de ser impresso -


A edição impressa do jornal austríaco Wiener Zeitung, fundado em 1703, deixará de existir, após uma decisão tomada pelo Parlamento da Áustria em votação nesta quinta-feira (27/04). 


A publicação – que com seus 320 anos de história afirma ser o jornal diário mais antigo do mundo ainda em circulação – reportou de tudo, desde artigos sobre um jovem Mozart até a abdicação efetiva do último imperador dos Habsburgos, além das duas Guerras Mundiais.

Fundado com o nome de Wiennerisches Diarium e rebatizado em 1780, o Wiener Zeitung pertence ao Estado austríaco desde 1857. Embora seja conhecido por sua qualidade jornalística e seus pontos de vista politicamente independentes, ele atua também como diário oficial e publica informações sobre empresas austríacas.

Nesta quinta-feira, o Parlamento austríaco aprovou uma nova lei que não exige mais que tais anúncios sejam publicados na edição impressa do jornal, cortando assim sua principal fonte de financiamento.

"Não é papel da república administrar e financiar um jornal diário", dissera em 2021 o então chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz, quando as mudanças vieram à tona pela primeira vez.

"FIM POR LEI"

Em um artigo publicado no dia da votação, intitulado "Fim por lei", o Wiener Zeitung disse que a nova decisão tem potencial de destruir sua capacidade de produzir jornalismo.

O jornal manterá seu portal de notícias na internet, com a possibilidade de publicações mensais em papel "dependendo das verbas disponíveis".

Funcionários e leitores realizaram vários protestos do lado de fora do Parlamento em Viena para expressar oposição ao fim da edição impressa. "Ninguém sabe qual será o futuro da publicação e se ela fará um jornalismo rigoroso", lamenta Mathias Ziegler, vice-editor-chefe do jornal.

Quase metade de seus 200 funcionários, 40 deles jornalistas, pode ser demitida com o fim da versão impressa, estimam sindicatos.