A mudança no perfil das mortes por covid-19 no Brasil

Entenda como se deu essa mudança e o que levou os brasileiros mais jovens a perder a vida para a doença

A mudança no perfil das mortes por covid-19 no Brasil - Reprodução


O Brasil deve encerrar o mês de julho com mais de 550 mil mortes por covid-19, isso com base na evolução das estatísticas da doença. A marca impressiona pelo número de vidas brasileiras perdidas durante a pandemia. O país perde apenas para os Estados Unidos que passou dos 610 mil mortos.


Ao longo da pandemia, o perfil das mortes causada pela covid mudou. A comunidade científica atribui essa mudança à vacinação. Conforme o Programa Nacional de Imunização chega a mais pessoas, a idade dos óbitos muda. No começo da pandemia os idosos se mantiam a frente dessa estatística e carregavam nas costas mais de 60% das mortes. Essa situação decorreu durante 12 meses, até começar a vacinação por grupos etários.

Primeiro foram os mais velhos a serem vacinados e assim a população idosa se viu distanciar da probabilidade de morrer por causa da doença. Nos últimos cinco meses as mortes por covid tomaram conta da faixa da população de 20 a 59 anos, mais precisamente o grupo acima dos 50 anos, considerada população ativa que precisa sair de casa para trabalhar. Nesse esforço de se manter inteiro durante o cenário caótico da economia, a busca pelo pão nosso de cada dia trouxe morte a essa faixa etária da população. Sem poder ficar em casa, a população ativa economicamente foi contaminada. Os mais jovens por outro lado se expuseram à doença ao se arriscar em aglomerações, as variantes se tornaram mais transmissíveis e mais fortes e matou milhares de jovens pelo país.

Para se ter uma idéia da gravidade das novas variantes e a velocidade da transmissão, em meados de junho de 2020, considerado o primeiro pico da pandemia, o número de infectados por dia chegava em média a 33 mil, no mesmo período dessse ano, junho de 21, a média de casos positivos ultrapassava os 70 mil/dia. Os dados são do Ministério da Saúde.

De 20 a 59 anos

O Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirma o processo de rejuvenescimento da pandemia: a média de mortes, atualmente, pela covid está abaixo da faixa etária dos 60 anos. Significa que mais da metade dos casos internados, das internações em terapia intensiva e dos óbitos ocorrem em adultos jovens e maduros (20 a 59 anos).

Ainda de acordo com as últimas análises da Fiocruz, a idade média dos casos internados é de 52 anos, contra idade média de 62 anos no início de 2021. O processo de imunização, que vem ocorrendo desde janeiro, primeiramente nos idosos, deu força para que essa faixa etária enfrentasse com mais força a doença. Já o público jovem que ainda passa pelo processo de vacinação ficou a frente do risco de infecção por covid-19. 

A faixa etária mais atingida é a população economicamente ativa, que precisa sair de casa para trabalhar. O jovem ainda tem o fator aglomeração que o coloca na linha de frente da infecção. A conclusão de toda essa variação do perfil das mortes no país tem um nome: VACINAÇÃO

É preciso buscar a imunização, os grupos que já estão aptos a tomar a vacina deve procurar as unidades de saúde e se imunizar,os grupos que ainda aguardam a vez deve manter os cuidados sanitários como evitar aglomerações. Mas a doença não dá trégua nem mesmo aos vacinados, por um bom tempo será preciso continuar a viver o novo normal, uso de máscaras, evitar aglomerações e se higienizar sempre que possível.

Levantamento feito pelo SBT Interior aponta os números mais recentes da doença:

O Brasil tem 10% de todos os casos confirmados de covid no mundo, 19,5 milhões de brasileiros foram infectados, desses 547 mil morreram. O estado de SP lidera o número de mortes no país com 193 mil óbitos. A média de mortes por 100 mil habitante é de 260. Por dia a média de mortes no Brasil é de 1.402 óbitos. São pelo menos 49 mil casos novos diariamente, mais de 18 milhões de brasileiros se recuperaram da doença.