ABASTECIMENTO
Baguaçu chega a nível crítico e Samar não descarta risco de racionamento em Araçatuba
O ribeirão que abastece metade da população do município atingiu o menor nível dos últimos três anos; falta de chuva também ameaça fornecimento de água em Rio Preto
O impacto da maior seca dos últimos anos no Brasil já afeta Araçatuba. A GS Inima Samar, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto da cidade, alerta que o nível do Ribeirão Baguaçu, que abastece 50% da população (cerca de 100 mil habitantes), chegou a um estado crítico. Na última semana, o nível do manancial caiu para 35 centímetros, o menor desde 2021, enquanto o nível de segurança operacional é de 70 centímetros.
Apesar da chuva que caiu em Araçatuba na madrugada desta segunda-feira (16/09), a situação não melhorou, com um índice pluviométrico de apenas 6 mm.
"Desde meados de agosto, o nível do Baguaçu estava estabilizado em 50 centímetros, mas desde terça-feira (10/9) houve uma queda de 15 centímetros, entrando em estado de alerta", afirma Lucas Dalri, gerente de Operação e Manutenção da concessionária.
A Estação de Tratamento de Água (ETA) Baguaçu está operando com 60% de sua capacidade, ainda sem impacto no abastecimento público. No entanto, devido à previsão de temperaturas elevadas e ausência de chuvas nos próximos dias, a GS Inima Samar implementou ações como o aumento do uso do manancial subterrâneo (poços profundos) e a instalação de estruturas para captar água do "volume morto" do manancial superficial. O objetivo é evitar o desabastecimento na área atendida pela ETA Baguaçu, que inclui 76 bairros e 29 condomínios.
Dalri reforça que o risco decorre da redução da disponibilidade hídrica, mas que as estruturas de tratamento, distribuição e reservação estão preparadas para manter o abastecimento, apesar da onda de calor enfrentada nos últimos meses.
Desde abril, Araçatuba não registra um grande volume de chuva, e o consumo médio per capita é de 226 litros de água por dia, representando um aumento de 6,05% em relação ao ano passado. "Esse consumo é 2,2 vezes maior que o recomendado pela ONU, de 100 litros por pessoa ao dia", explica Dalri.
RIO PRETO
São José do Rio Preto, a maior cidade do noroeste paulista, enfrenta uma situação semelhante. A chuva da última segunda-feira não foi suficiente para melhorar as condições da represa municipal. Sem previsão de chuva, técnicos do Semae (Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto) já cogitam o racionamento nos próximos dias.
CONSUMO CONSCIENTE
Com as altas temperaturas e baixa umidade, o consumo de água aumenta, mas é essencial utilizá-la de forma consciente. Além de instalar caixas d'água em residências sem reservatórios, a prioridade deve ser o consumo humano e a hidratação corporal.