Copa América no Brasil: torneio pode ameaçar a saúde dos brasileiros?

Especialista indica que, sem público, não há grande risco; mas alerta para noção de normalidade

Copa América no Brasil: torneio pode ameaçar a saúde dos brasileiros? - Carolina Antunes/PR


A realização da Copa América no Brasil tem sido alvo de debates sobre a saúde da população, dado a pandemia de covid-19. Mas será que o torneio esportivo é uma ameaça? O infectologista Celso Ramos Filho apontou, ao portal SBT News, que a falta de público não traz grande risco, mas chama atenção sobre a competição.


"Como está sendo proposto, ou seja, sem público, não apresenta grande risco epidemiológico (...) Agora, eu sou contrário a qualquer coisa que traga uma noção de normalidade, porque não estamos em um momento normal. Nós vamos, em poucos dias, alcançar uma marca de meio milhão de brasileiros mortos (pela covid)", declara o médico que já deu aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O anúncio dos jogos no país foi confirmado pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, na 3ª feira (1º.jun), e também citado em pronunciamento oficial do presidente Jair Bolsonaro nesta 4ª. Os jogos estão previstos para ocorrer no Distrito Federal e em três estados: Mato Grosso, Rio de Janeiro e Goiás. As partidas serão sem público e os jogadores deverão ser vacinados.

Ao divulgar a competição esportiva, Ramos citou outros torneios que estão em andamento no país, como os campeonatos estaduais e o Brasileiro. Os jogos das eliminatórias da Copa do Mundo também estão em andamento. Na 6ª feira (4.jun), o Brasil enfrentará o Equador em Porto Alegre. Nos dois lados do campo, jogadores virão de outros países para a partida.
No caso do Equador, são 31 jogadores de 24 cidades espalhadas em 14 países.

Governadores

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), inicialmente não se opôs ao torneio no Brasil. Mas mudou de ideia após contato com membros do Centro de Contingência do Coronavírus do estado. Ele vetou a realização de jogos em São Paulo. Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também foi contra a Copa América. No entanto, apoia a liberação de outros campeonatos no estado, como a partida entre o Brasil e o Equador.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), determinou regras para a realização de jogos no estado. Ele pretende criar uma espécie de bolhas de isolamento para as delegações. No caso de Brasília, o estádio será preparado para a competição.

Outros jogos

Um dos pontos questionados para a realização da Copa América é o deslocamento de jogadores pelo país. Mas as viagens também não são apontadas em outras competições. Na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, por exemplo, foram 20 viagens, além de escalas, para os dez jogos. Pela delegação dos clubes, que em média tem 50 pessoas, o campeonato movimentou 500 passageiros em um fim de semana.

Alguns trajetos foram feitos com grande deslocamento. Como o caso do Grêmio, que saiu de Porto Alegre para enfrentar o Ceará na capital Fortaleza. Além do Red Bull Bragantino, que saiu do interior de São Paulo, em Bragança Paulista, para Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Na copa do Brasil, a chegada do São Paulo em Teresina, no Piauí, na 2ª feira, também provocou aglomeração.