SAÚDE
Diagnóstico precoce e tratamento adequado são aliados no controle da artrite reumatoide
Doença autoimune afeta 1% da população mundial, com dor, inchaço e risco de danos permanentes nas articulações
A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica que atinge entre 0,5% e 1% da população global, com maior prevalência entre adultos, especialmente mulheres. A condição compromete principalmente as articulações, causando dor, inchaço e rigidez, o que pode levar a danos permanentes e perda de mobilidade, como explica a Dra. Carla Dionello, Presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ).
"A artrite reumatoide surge quando o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo de infecções, começa a atacar tecidos saudáveis nas articulações, provocando inflamação crônica", esclarece a especialista. Sem tratamento, essa inflamação pode deteriorar as articulações de forma irreversível, afetando drasticamente a qualidade de vida dos pacientes.
SINTOMAS E DIAGNÓSTICO
Os sintomas da AR podem aparecer gradualmente ou de forma súbita. "Dor e inchaço nas articulações, principalmente nas mãos, punhos e pés, de forma simétrica, são os sinais mais comuns", afirma Dionello. Outro sintoma característico é a rigidez matinal, que pode durar mais de 30 minutos. "Fadiga intensa e, em alguns casos, febre baixa também são frequentes entre os pacientes", acrescenta.
O diagnóstico é realizado por um reumatologista e inclui avaliação clínica, exames laboratoriais e de imagem. "Testes de sangue para identificar o fator reumatoide (FR) e os anticorpos anti-peptídeos citrulinados (ACPAs) são essenciais para confirmar a doença, mas a avaliação clínica é indispensável", enfatiza Carla.
CAUSAS E FATORES DE RISCO
As causas exatas da artrite reumatoide ainda são desconhecidas, mas fatores genéticos, ambientais e hormonais parecem desempenhar papéis importantes. "O tabagismo é um dos principais fatores de risco modificáveis", aponta Dionello. "Há indícios de que infecções ou lesões em pessoas geneticamente predispostas possam desencadear a doença."
TRATAMENTO
O tratamento da AR foca no controle dos sintomas, na redução da inflamação e na prevenção de danos permanentes às articulações. As drogas antirreumáticas modificadoras da doença (DMARDs), como o metotrexato, são o tratamento padrão. "Em cerca de 30% a 40% dos casos, medicamentos biológicos, que bloqueiam moléculas específicas envolvidas na inflamação, podem ser necessários para complementar o tratamento", destaca Carla.
Além da medicação, a fisioterapia e exercícios físicos são fundamentais para manter a mobilidade e fortalecer os músculos ao redor das articulações. A especialista recomenda também mudanças no estilo de vida, como parar de fumar e adotar uma alimentação saudável, para ajudar no controle da doença.
IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE
Um dos aspectos mais críticos no tratamento da artrite reumatoide é o diagnóstico precoce. "Identificar e tratar a doença nas primeiras semanas ou meses após o início dos sintomas pode fazer uma grande diferença na prevenção de danos articulares permanentes", afirma Dionello. O tratamento rápido pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e evitar complicações a longo prazo.
"Se você ou alguém que conhece está apresentando dor e inchaço nas articulações por um período prolongado, é fundamental buscar uma avaliação médica o quanto antes", alerta a especialista. "Com o diagnóstico e o tratamento adequados, muitas pessoas conseguem controlar a doença e levar uma vida plena."
A artrite reumatoide é uma condição séria, mas o avanço nos tratamentos e o diagnóstico precoce têm permitido que muitos pacientes convivam de forma saudável com a doença. O principal desafio continua sendo a conscientização sobre os sintomas e a busca rápida por ajuda médica.