Dólar recua junto com curva de Treasuries antes de PIB dos EUA e BCE

Dólar recua junto com curva de Treasuries antes de PIB dos EUA e BCE - USP Imagens


O dólar opera em leve baixa no mercado local na manhã desta quinta-feira, 25, na esteira do recuo da curva de Treasuries e com a moeda norte-americana "de lado" no exterior ante pares rivais e sinais mistos em relação a divisas emergentes e ligadas a commodities em meio à alta de petróleo e minério de ferro e expectativas pela movimentada agenda externa, em dia sem indicadores locais relevantes.


Os destaques lá fora são a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no quarto trimestre (10h30), além de uma série de outros dados de atividade do país, e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (10h15), bem como a entrevista coletiva da sua presidente, Christine Lagarde (10h45).

Na China, o banco central (PBoC, pela sigla em inglês) anunciou uma série de medidas para reforçar o papel de Hong Kong como centro financeiro.

Sobre o BCE, a decisão deve ser de manter intactas as taxas de juros e praticamente inalterada a linguagem do comunicado em relação ao que foi divulgado em dezembro do ano passado, segundo projeções de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast.

Já a expectativa do mercado para o PIB dos Estados Unidos é de crescimento de 2,0% no quarto trimestre de 2023, na leitura anualizada, de acordo com a mediana dos 29 analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Caso se confirme, o dado preliminar reforçará a expectativa de desaceleração da economia do país, após o avanço de 4,9% visto no terceiro trimestre.

Essa agenda externa vai orientar as expectativas sobre a economia e o rumo das políticas monetárias nas economias desenvolvidas durante a sessão, antes dos números da inflação americana do PCE de dezembro, medida de preço preferida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que serão divulgados amanhã.

Os sinais recentes de dirigentes do BCE apontam para o início da flexibilização de juros durante o verão europeu (junho a setembro) e, no caso do Fed, as apostas majoritárias ontem no CME Group apontavam para primeiro corte de juros em maio, após a subida dos juros dos Treasuries, em especial o vértice de 10 anos (4,182%), na esteira de um leilão de T-notes de 5 anos com demanda abaixo da média.

No mercado local, a realização de ao menos três novos cortes de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, nas reuniões de janeiro a maio do Comitê de Política Monetária (Copom) é o cenário base de 56 de 60 casas (93%) que enviaram ao Projeções Broadcast estimativas para os três encontros. O mercado mantém projeção de Selic em 9,0% (mediana) no fim do atual ciclo de cortes, assim como no levantamento realizado após o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), no fim de dezembro. As projeções variam de 7,5% a 10%.

O fim projetado para as reduções da taxa Selic, porém, passou de julho para setembro de 2024, de acordo com a moda das estimativas. As medianas para a Selic seguem de 9,0% em 2024 e 8,5% em 2025. O Copom divulga a sua decisão de juros na próxima quarta-feira, a partir das 18h30. A Selic está atualmente em 11,75% ao ano.

Entre as commodities, o petróleo mostra ganhos de mais de 1% desde cedo, enquanto o contrato futuro mais negociado do minério de ferro no mercado futuro chinês de Dalian, para maio de 2024, fechou em alta de 1,6%, cotado a 987 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 137,96.

Na Turquia, a lira turca se enfraqueceu ante o dólar após o Banco Central elevar hoje a sua principal taxa de juros em 2,5 pontos porcentuais, para 45% ao ano, e sinalizar o fim do atual ciclo de aperto monetário.

Do lado interno, os investidores devem monitorar ainda a Vale em meio a rumores de que o governo estaria pressionando acionistas da companhia a apoiar a indicação do ex-ministro Guido Mantega para o cargo de CEO. O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que a permanência de Eduardo Bartolomeo na presidência da Vale deve ser decidida até a terça-feira que vem, dia 30.

Já novidades sobre a tramitação de medidas fiscais do governo na Câmara são esperadas apenas na próxima semana. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou uma reunião para segunda-feira, 29, para arbitrar os principais temas que geraram atrito entre deputados e o governo neste início de 2024, como a medida provisória da reoneração e o veto às emendas de comissão. A ideia é discutir estes pontos antes mesmo do início das atividades legislativas, marcado para o dia 5 de fevereiro.

No caso da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos, prometida pelo presidente Lula nesta semana, deve gerar um custo anual de R$ 744,50 milhões, de acordo com cálculos da Warren Investimentos.

Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas informou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 2,4 pontos em janeiro, para 90,8 pontos, após ter registrado em dezembro o maior patamar para o mês desde 2013. O resultado é o menor nível desde maio de 2023 (89,5 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice recuou pelo quarto mês consecutivo, em 0,6 ponto, para 92,1 pontos.

Na seara política, a Polícia Federal (PF) cumpre 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, em endereços ligados a suspeitos de participar de espionagem ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um dos alvos, segundo apurou o Estadão, é o ex-diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio de Bolsonaro.

Às 9h38, o dólar à vista caía 0,11%, cotado na mínima, a R$ 4,9268. O dólar futuro para fevereiro recuava 0,11% também, a R$ 4,9315.