EXPLOSÕES EM BRASÍLIA
Irmão de homem que explodiu bombas no STF relata obsessão por política e comportamento irreconhecível
Francisco Wanderley, conhecido como Tiü França, estava isolado da família e participava de grupos extremistas
Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, conhecido como Tiü França, estava obcecado por política nos últimos anos e exibindo um comportamento irreconhecível, segundo um de seus irmãos, que concedeu entrevista à TV Brasil. Francisco, que morreu após explodir bombas próximas ao Supremo Tribunal Federal (STF), teria se afastado da família e se envolvido com grupos extremistas que, de acordo com o irmão, "o levaram ao ódio".
De acordo com o familiar, Francisco era chaveiro e uma pessoa tranquila até as eleições presidenciais de 2022, quando passou a falar apenas sobre política. A obsessão dificultou o convívio com a família, que descreveu estar perplexa com os atos e a morte do homem. Francisco participou de acampamentos em rodovias de Santa Catarina contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo o irmão, interagia com grupos radicais na internet.
EXPLOSIVOS
Francisco viveu os últimos quatro meses em uma casa alugada em Ceilândia, no Distrito Federal, a cerca de 30 quilômetros da Praça dos Três Poderes, onde teria preparado parte dos artefatos explosivos utilizados no atentado. Ele também alugou um trailer próximo à Praça, junto a outros veículos adaptados para venda de alimentos.
A Polícia Federal investiga como ele conseguiu os recursos para se manter em Brasília e se agiu sozinho ou recebeu apoio para cometer o ato terrorista, que tinha como objetivo atacar o Estado de Direito por meio da violência. As investigações indicam que Francisco pretendia atingir o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
O irmão, no entanto, afirmou não acreditar que Francisco tinha a intenção de matar o ministro e reforçou que o comportamento do homem havia mudado completamente após seu envolvimento com grupos extremistas.
IMPACTO NA FAMÍLIA
A família, que vive em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina, onde Francisco possuía imóveis alugados, está em choque com os eventos. Em 2020, ele chegou a concorrer ao cargo de vereador pelo Partido Liberal (PL) na cidade.
"Quando a pessoa tem a cabeça fraca e não está centrada, acaba se deixando levar pelo ódio", desabafou o irmão, emocionado. A família agora aguarda o avanço das investigações para entender o que motivou Francisco a realizar o atentado que culminou em sua morte.