Operação Hawala mira organização que lavava dinheiro em cripto e movimentou R$ 1 bilhão

Polícia Federal apreende carros de luxo, armas e eletrônicos; um homem foi preso em flagrante em Araçatuba

Operação Hawala mira organização que lavava dinheiro em cripto e movimentou R$ 1 bilhão - Polícia Federal


A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (2) a Operação Hawala para desarticular uma organização criminosa especializada em descaminho, evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.


Cerca de 20 agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em Araçatuba (SP) e São Paulo (SP). As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal paulista, que também determinou o bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens dos investigados.

Durante as buscas, a PF apreendeu seis celulares, um Mercedes-Benz, um Jeep Compass, uma pistola Taurus, uma espingarda CBC, munições, pen drives, HDs, drones e diversas mercadorias importadas, entre elas celulares, relógios, magic mouses, AirTags e perfumes. Um homem foi preso em flagrante e levado para a Delegacia da PF em Araçatuba.



ESQUEMA BILIONÁRIO

As investigações começaram há cerca de dois anos e revelaram que o grupo usava empresas de fachada e “laranjas” para importar eletrônicos de forma irregular. Os produtos eram vendidos em uma das maiores plataformas de e-commerce do país, movimentando grandes valores de forma ilícita.

O nome da operação, Hawala Digital, faz referência a um antigo sistema informal de transferências baseado na confiança, que funciona fora do sistema bancário. O grupo modernizou esse modelo, criando o que os investigadores chamaram de “Cripto-Cabo”.

Em vez de doleiros, a organização contratava operadores financeiros que convertiam os lucros em reais para criptoativos. As moedas digitais eram enviadas ao exterior para pagar fornecedores, escapando do controle do sistema financeiro nacional e internacional.

Segundo a PF, apenas uma das empresas envolvidas movimentou mais de R$ 1 bilhão em pouco mais de um ano, pulverizando os recursos em várias corretoras de criptomoedas (exchanges).

Os investigados responderão por associação criminosa, descaminho, sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.