Pequena taxação das riquezas no Brasil geraria alta renda, defende Nobel da Economia

O economista voltou a criticar as altas taxas de juros no Brasil que são, segundo ele, "provavelmente as mais altas do mundo"

Pequena taxação das riquezas no Brasil geraria alta renda, defende Nobel da Economia - Reprodução/ TV Brasil


O economista americano Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2001 e professor da Universidade Columbia (EUA), disse que o Brasil precisa reformular seu sistema financeiro, citando uma forte especulação no sistema nacional. Em uma análise sobre a conjuntura econômica do País, o economista defendeu a taxação de grandes riquezas como uma fonte de gerar maior renda à população.


"Tem muita especulação no mercado financeiro, isso quase nenhum país faz, mas Brasil está no topo da lista dos que fazem", declarou o americano, em painel oferecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) "Desafios para o crescimento econômico com estabilidade e inclusão social", nesta segunda-feira, 11. Em sua visão, o mercado financeiro deve servir como uma espécie de intermediação entre os investimentos.

Na fala, o professor afirmou que uma "lição aprendida" na análise do País é em relação à necessidade de acelerar a agenda de impostos de forma mais progressiva. Ele defendeu a taxação de grandes riquezas e afirmou que "uma pequena taxação às riquezas geraria alta renda". Para ele, o Brasil "está indo muito bem, pode ser aumentado o valor de taxação, mas é melhor do que a maioria dos países emergentes".

O economista voltou a criticar as altas taxas de juros no Brasil que são, segundo ele, "provavelmente as mais altas do mundo". Em sua avaliação, o alto patamar de juros se torna um obstáculo para a produção de investimento nacional.

Em março, o professor havia feito coro às críticas do governo ao Banco Central antes de a autoridade monetária reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25%. Durante palestra promovida pelo BNDES na época, ele disse que o patamar dos juros no Brasil era "chocante" e seria uma "pena de morte" para a economia do País.

Mudanças climáticas

O economista ainda defendeu medidas urgentes para combater as mudanças climáticas. "Os resultados devem ser justos e a maneira como atingimos eles deve ser justa", afirmou. "Nós pensávamos que externalidades eram apenas um pequeno ponto, mas com mudança climática é muito claro que as externalidades são a base da nossa existência." Para Stiglitz, é preciso fazer um "equilíbrio de liberdades" e chegar a consensos. "Liberdade para poluir significa que o restante de nós irá morrer por causa da poluição O que é mais importante?", questionou.