SAÚDE
Santa Casa de Araçatuba realiza mais um Implante Transcateter de Válvula Aórtica
Procedimento é indicado para pacientes com mais de 70 anos e comorbidades associadas; menos invasivo em relação à cirurgia de peito aberto, o Tavi é feito através de punções na virilha
Pela segunda vez, em menos de cinco meses, a Santa Casa de Araçatuba realizou, nesta terça-feira (23), um Implante Transcateter de Válvula Aórtica (Tavi, do inglês Transcatheter Aortic Valve Implantion), tecnologia inovadora e minimamente invasiva indicada para pacientes que não suportariam passar por cirurgia aberta para correção da válvula afetada pela estenose aórtica – doença que causa estreitamento da abertura da válvula aórtica e obstrui o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta.
O paciente, um homem de 81 anos, de Araçatuba, sofria de estenose arórtica. Com algumas comorbidades associadas e comprometimentos, ele não tinha indicação para cirurgia convencional, considerada arriscada nestes casos. O procedimento foi coberto pelo plano Santa Casa Saúde Araçatuba.
O Tavi já faz parte da lista de procedimentos autorizados pelo SUS para realização em hospitais específicos. A diretoria da Santa Casa de Araçatuba e a equipe do Serviço de Cirurgia Cardiovascular já iniciaram tratativas para o credenciamento do hospital.
O procedimento durou duas horas e foi realizado pelos cirurgiões cardiovasculares Rogério Caravante e Hélio Poço, do Serviço de Cirurgia Cardiovascular, o cardiologista intervencionista Leonardo Alves Batista, do Serviço de Hemodinâmica; e o professor-doutor José Antônio Mangione, coordenador do núcleo de Cardiologia do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Indicado para tratar pacientes com mais de 70 anos, grupo etário com maior incidência de estenose aórtica, e com comorbidades, fator que aumenta os riscos em um procedimento cirúrgico, o Tavi é menos invasivo em relação à cirurgia aberta e pouco propenso à intercorrências, pois não requer anestesia geral e intubação do paciente, que recebe apenas sedação e anestesia local.
Ao contrário da cirurgia convencional em que o peito do paciente é aberto enquanto ele é colocado em sistema de circulação extracorpórea (suporte artificial de vida realizado por equipamentos que substituem, temporariamente, as funções do coração, rim e dos pulmões), o Tavi, a exemplo de um cateterismo, é realizado por meio de punções na artéria femural (virilha) do paciente.
A correção da válvula afetada pela estenose aórtica é feita através de um cateter artificial introduzido na incisão e guiado por imagem. Uma válvula é levada até o coração para substituir a válvula defeituosa. Quando a prótese chega ao local afetado, é inflada e instalada para restabelecer o fluxo sanguíneo de forma correta.
Tendência na área da saúde
“O procedimento vem ganhando espaço pelos seus resultados muito favoráveis e pela segurança ao paciente”, define Mangione, que já realizou mais de mil procedimentos de Tavi, com índices de complicações muito baixos. Neste período, afirma o especialista, a técnica se consolidou “como um avanço tecnológico muito importante, que está tornado o procedimento mais seguro e com resultados cada vez melhores.”
A recuperação rápida do paciente é apontada pelo cirurgião cardiovascular, Rogério Caravante, como outro fator importante para o paciente, “que volta às suas atividades em menos tempo”, e para o hospital “que tem menos custos com internação e suporte necessário às complicações pós-cirúrgicas”. Caravante compara que “enquanto numa cirurgia aberta a recuperação pode durar de 3 a 6 meses, no implante transcateter em dois três dias o paciente está andando e em uma semana retomando às suas atividades completamente recuperado”.
O procedimento foi realizado no Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, considerado pelo professor-doutor José Antônio Mangione como estrutura apta, “tanto pelo equipamento de hemodinâmica de última geração, quanto pelos profissionais de Cirurgia Cardiovascular e Cardiologia Intervencionista, UTIs e enfermaria necessárias”.
O cirurgião cardiovascular Hélio Ferreira Poço destaca que num momento em que a Medicina realiza com mais frequência procedimentos menos invasivos e internações menos prolongadas, a realização dos dois Tavis inserem a Santa Casa de Araçatuba, através do Serviço de Cirurgia Cardiovascular, neste novo conceito do uso de tecnologia avançada. Responsável pela implantação da Cirurgia Cardiovascular no hospital, em 1996, o cirurgião destaca, que esse avanço o Serviço de Cirurgia Cardiovascular da Santa Casa de Araçatuba torna-se referência de estrutura tecnológica e capacitação médica completas para realizar procedimentos cardiovasculares invasivos e não invasivos. “ O hospital está preparado e tem investido cada vez mais em equipamentos; e a equipe também tem investido e preparado com técnicas para oferecer isso à população”, define Hélio Poço.