Tamanduazinhos órfãos são acolhidos no Zoológico de Rio Preto

Espécie é vulnerável e o resgate de filhotes tem se tornado comum; órgão participa de programa de manejo com a AZAB

Tamanduazinhos órfãos são acolhidos no Zoológico de Rio Preto - Ivan Feitosa/SMCS


O Zoológico Municipal de São José do Rio Preto (SP), órgão da Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo, tem atualmente cinco filhotes de tamanduás-bandeiras órfãos sob cuidados de sua equipe de veterinários e biólogos.


Nos últimos cinco anos, 87 tamanduás-bandeiras e 14 tamanduás-mirins foram recebidos na instituição. Além dos resgatados, o Zoo de Rio Preto já registrou 11 nascimentos da espécie em cativeiro desde 2007.

A degradação e a redução dos habitats são apontadas como as principais causas da perda populacional da espécie no país, mas a caça, o atropelamento em estradas e os incêndios também contribuem para colocar o tamanduá-bandeira na lista de espécies ameaçadas de extinção. Na região, apesar de ainda abundantes, são cada vez mais resgatados e levados ao Zoológico de Rio Preto desde filhotes órfãos até adultos feridos por atropelamento, queimadas e até mesmo, propositalmente, por ação humana contra os animais.  

Vulnerabilidade da espécie

De acordo com o veterinário e coordenador do Zoo Guilherme Guerra Neto, o resgate de tamanduás na região depende de inúmeros fatores, desde o avistamento de animais feridos em estradas e rodovias até a disponibilidade de equipes de resgate.
 

“Em alguns casos, os animais não sofrem injúrias e acabam sendo apenas transportados para áreas mais seguras e distantes de rodovias. Esses animais nem chegam ao Zoológico. Um fato confirmado ao longo de todos esses anos é que esta espécie é frequente na nossa região e, por características fisiológicas e comportamentais, são muito vulneráveis aos atropelamentos e outras ameaças de origem humana”, explica o veterinário.

Filhotes no Zoo

Atualmente com cinco filhotes de tamanduá-bandeira em tratamento, a rotina de administração de alimentação, que é feita por mamadeiras, é intensiva no Zoo. São cerca de 20 mamadeiras por dia para alimentar os órfãos.
 

Dois dos filhotes são fêmeas gêmeas encontradas na área rural de Votuporanga junto ao corpo da mãe, que havia sido morta a tiros. Chegaram no início de junho, pesando cada uma 1,5kg. Hoje já pesam entre 3,7kg e 4,2kg e têm aproximadamente cinco meses de vida.
 

Ainda em junho último, outra fêmea que está com quatro meses atualmente, foi resgatada em Palestina pesando 1,3kg. Após cerca de três meses no Zoo, evoluiu para 4kg aferidos na última pesagem realizada no final de setembro.


A situação mais grave entre os órfãos resgatados recentemente foi a de uma fêmea de três meses encontrada em Onda Verde, em setembro. Estava junto à mãe morta por atropelamento e sofria com parasitas: carrapato e bicho de pé.

 

O filhote mais jovem resgatado é um macho, também encontrado junto ao corpo da mãe morta no final deste mês, em Adolfo. Não foi possível precisar a causa da morte dela, mas o filhote tinha cerca de duas semanas quando resgatado e não sobreviveria por muito tempo. Ele pesa pouco mais de 1kg. Todos os animais seguem se desenvolvendo bem.

Rotina de cuidados

O coordenador do Zoo disse que a maratona de mamadeiras segue no ritmo da demanda de crescimento e a transição alimentar começa entre os quatro e cinco meses de vida. Aos poucos eles vão recebendo ração específica para a espécie e cupins que são sua principal fonte de alimentação na natureza. “Fazemos uma grande e trabalhosa transição e cada filhote responde de uma forma. Uns aceitam a mudança mais rapidamente, outros demoram mais, mas na maioria temos êxito”, explicou o veterinário.

Os cuidados, porém, não param nas mamadeiras. Os filhotes recebem higiene diária, ganham bichos de pelúcia para agarrar como faziam com as mães, têm troca de feno e cobertores e banho de sol pela manhã. Quando chegam recém-nascidos há ainda o controle da temperatura corporal.

“Quando são muito pequenos, não regulam a temperatura sozinhos sem o corpo da mãe e podem sofrer hipotermia, por isso os mantemos aquecidos. Os tamanduás já possuem um metabolismo mais baixo que outros mamíferos, bem como a atividade tireoidiana. Então temos que estar sempre atentos com temperatura, glicemia, hidratação adequadas. Estes são os três parâmetros fundamentais para um filhote manter a homeostase, crescer e se desenvolver com segurança, principalmente em se tratando de recém-nascidos”, afirmou Guerra Filho.

Programa de manejo

O Zoológico de Rio Preto integra um Programa de Manejo em cativeiro de espécies ameaçadas por meio de um Acordo de Cooperação Técnica na elaboração, implementação, manutenção e coordenação dos programas de manejo ex situ  (animais cativos) de espécies ameaçadas em zoológicos e aquários brasileiros. O projeto tem duração de 5 anos e é firmado entre a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Como contribuir

Todos os animais que chegam para os cuidados do Zoológico são apreendidos, resgatados ou recebidos por órgãos ambientais, não sendo a instituição responsável por esse serviço. O órgão faz apenas o processo de reabilitação dos animais silvestres.

Caso você esteja em Rio Preto ou em toda a região Noroeste de São Paulo e deseja fazer uma entrega voluntária ou encontre um animal machucado que precise de ajuda, seja órfão ou esteja ferido, doente ou sofrendo maus-tratos, entre em contato com o Batalhão da Polícia Militar Ambiental no telefone 17-3201-3670 ou Corpo de Bombeiros no telefone 17-3211-9074. Deixe que profissionais avaliem a possibilidade de soltura de cada animal e realizem o trabalho de maneira que efetivamente ajudará a natureza.

(As informações são da Secretaria Municipal de Comunicação Social).