SBT analisa “007: Sem Tempo para Morrer”: um último prazer em ver Daniel Craig na pele de Bond...James Bond

Filme em cartaz em todas as salas de cinema Cineflix

SBT analisa “007: Sem Tempo para Morrer”: um último prazer em ver Daniel Craig na pele de Bond...James Bond -


Um épico de 163 minutos marca o vigésimo quinto filme da franquia e o último trabalho de Daniel Craig na pele do maior espião de todos os tempos. Aqui ele tem a missão mais difícil de sua carreira: encerrar a era que deu uma nova vida a um dos maiores e mais icônicos personagens da história do cinema. Como um grande fã de Bond e de sua franquia, me orgulho em dizer que vi todos os filmes do elegante herói. E podendo ter a experiência de encerrar esse ciclo dentro de uma sala de cinema é nada menos que um prazer, graças ao trabalho dos cinemas Cineflix, onde acompanhei a obra em sua estreia. Importante ressaltar que todos os protocolos de segurança estão sendo cumpridos, o que me deixa muito mais tranquilo para retornar ao cinema e aproveitar a experiência que o Cineflix proporciona para seu público.

Sabendo ser o último filme de Craig no papel, “Sem Tempo para Morrer” é um entretenimento dentro de seus próprios termos, proporcionando um senso de fim de capítulo, mas um pequeno vislumbre do que o futuro pode reservar para o espião com licença para matar. Após a bagunça de “007: Contra Spectre” (2015), considerado por muitos, eu inclusive, um desapontamento, quem assume as câmeras desta vez é Cary Joji Fukunaga, com velozes batidas de ação e uma direção pujante. Destaque para as singelas transições de gêneros, onde uma perseguição regada a adrenalina se transforma em um suspense de sobrevivência da forma mais, mesmo odiando o termo, orgânica. Digno de nota também o trabalho de fotografia de Linus Sandgren, mostrando o esplendor das belas paisagens por onde Bond passa, ou na frieza de um momento mais lúgubre.






Se em “Cassino Royale” (2006) nos fora apresentado um 007 ainda iniciante na função, cometendo equívocos por falta de experiência, aqui, temos um Bond aposentado e cansado de salvar o mundo todas as semanas, querendo apenas estender seu tempo de vida ao máximo e aproveitá-lo ao lado de sua paixão Madeleine Swan (Léya Seydoux). Tudo começa, claro, com Vesper, o amor da vida de James de “Cassino Royale”. Após uma cena de abertura em flashback de Madelaine bem intrigante e repercussiva, acompanhamos nosso casal na Itália, onde Bond finalmente decide visitar o túmulo da ex-namorada que continua a o atormentar. Na visita, o túmulo explode. A sequência de perseguição/tiroteio que vem a seguir é o que de melhor esse filme e essa franquia poderiam oferecer, com cinco minutos de rodagem, eu já estava completamente imerso no filme. Detalhe: tudo isso antes mesmo dos créditos subirem, e que créditos, se não o mais marcante da era Craig, o mais emocionante.

Bond culpa Swan pelo acontecido, convencido de que fora ela que havia o traído, o que acarreta em um hiato de sumiço e reclusão, similar à de “Contra Spectre” de cinco anos, logo após o prologo. Uma arma desenvolvida para atacar DNA é criada para aniquilação em massa, trazendo o agente de volta a ativa. Substituído como 007 no MI6 por Naomi (Lashana Lynch), Bond de alia a CIA, através de seu antigo amigo e coagente Felix Leiter (Jeffrey Wright), pois não cofia mais tanto em M (Ralph Fiennes). A equipe se completa, por trás dos panos, com a adição de Q (Ben Whishaw) e Moneypenny (Naomi Harris), pois todos creem que M sabe muito mais do que realmente revela (é claro que ele sabe).

Reunida o maior super time de espiões, vemos que os circulam a Bond tem pouco a fazer a não ser guia-lo de forma unidimensional ao, previsível, desfecho. Naomi é um ótimo contraponto à Bond, uma 007 subordinada e bem menos rebelde que seu antecessor e até em questões físicas estão no completo oposto do espectro, o que é mais que suficiente para a personagem cativar, porém quando chegamos a grandiosidade final, se torna subaproveitada deixando aquele gosto agridoce de “quero mais”. Ana De Armas, nos brinda, com sua beleza estonteante, claro, mas também com uma personagem que diferentemente do universo Marvel, eu espero ansiosamente revê-la em um filme futuro da franquia, e isso com apenas dez minutos em tela. Como vilões, o longa carece de pujança. Christoph Waltz retorna como Blofeld, mas sua única cena padece de tensão e termina de forma anticlimática. Como nova ameaça temos Remi Malek dando vida a Lyutsifer Safin, outro vilão cartunesco, com um forte sotaque, proferindo um monólogo de como deseja que o mundo queime. Safin é mais um reflexo do legado deixado por outros grandes antagonistas do passado, do que uma identidade nova e própria.

“Sem Tempo para Morrer” é um filme que não é necessário ver os outros 007s de Craig, mas a descarga emocional será bem maior caso se tenha visto, onde, bem como o universo Marvel, temos a sensação que tudo aquilo já havia sido planejado há muito tempo. Com uma dedicação notável de Craig e uma direção robustamente visual de Fukunaga, temos um filme que fecha mais um ciclo do grande espião britânico em grande estilo. Em uma era com péssimos blockbusters, “Sem Tempo para Morrer”, nos presenteia com uma experiência mais que satisfatória e o último gostinho de ouvir uma das frases mais icônicas da história da sétima arte sair pelos lábios de mais um eterno James Bond.

Nota do Crítico: 7.0

Nota Média do Público (IMDb): 7.9

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